terça-feira, 27 de outubro de 2020

OS FANTÁSTICOS BASALTOS COLUNARES

 

     Já mostrei, neste blog, belas imagens de ametistas e ágatas extraídas de basaltos, principalmente do Rio Grande do Sul. Mostrei também os curiosos, belos e delicados dendritos, depósitos de óxido de manganês formados nos mesmos basaltos. Mas, em alguns lugares é o próprio basalto (às vezes, uma rocha semelhante) que nos encanta com uma feição surpreendente, a disjunção colunar.

A lava de composição basáltica ao se resfriar solidifica, formando o basalto. Nesse processo, podem surgir fraturas horizontais paralelas, que permitem obter lajotas, muito usadas, por exemplo, para pisos e calçadas no sul do Brasil e produzidas em grande escala em municípios como Paraí e Nova Prata (RS). Em certos locais, porém, formaram-se não placas horizontais, mas incríveis colunas verticais, limitadas por faces planas, muitas delas com seção hexagonal quase perfeita. É o que os geólogos chamam de disjunção colunar.

Muitos anos atrás, eu li um artigo que descrevia em detalhe o processo de fraturamento que resulta nessas colunas. A explicação não era simples e confesso que não tive paciência para me deter muito nela.

Um estudo muito mais recente, publicado em 2018(*), mostrou que é quando a lava solidifica em temperaturas entre 90 e 140 oC abaixo da temperatura normal de formação do basalto (980 oC) que surgem as tais colunas.  O estudo foi feito por cientistas da Universidade de Liverpool (Inglaterra), em basaltos do vulcão Eyjafjallajökull, da Islândia. 

As colunas podem ter até 30 metros de altura pelo menos e largura que vai de poucos centímetros a até 3 metros.  Costumam ter cinco ou seis faces, mas algumas chegam a sete, e outras não passam de três.

Muitas vezes, talvez na maioria delas, a rocha é, a rigor, diabásio não basalto.  Os dois têm a mesma composição, com a diferença de que o diabásio é uma rocha subvulcânica, pois se forma por resfriamento do magma dentro da crosta, a uma profundidade relativamente pequena enquanto o basalto é vulcânico (forma-se, como foi dito, por resfriamento na superfície). Como o basalto é muito mais abundante, é normal o diabásio ser chamado também de basalto quando não se exige muito rigor científico, como aqui.

  Alguns afloramentos com estrutura colunar são mundialmente famosos. Um deles (foto abaixo) é a Torre do Diabo (Devils Tower), no estado de Wyoming (EUA), cenário do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau. Só que este é formado por uma rocha vulcânica diferente, o fonolito, que se formou, neste caso, invadindo rochas sedimentares (hoje completamente erodidas).

  

 Outro afloramento conhecido mundialmente é a Calçada dos Gigantes (Giant’s Causeway), em Antrim, na Irlanda do Norte, onde foram contadas 40.000 colunas de basalto!

    Devils Postpile, na Califórnia, é mais um afloramento mundialmente conhecido. Nele, é notável a presença de colunas encurvadas em alguns pontos.

 


                No topo do afloramento, algumas colunas mostram claramente o formato hexagonal da seção transversal, como se vê na foto abaixo. 

 


 A Islândia possui também belíssimos afloramentos desse tipo, mostrados alguns nas cinco fotos seguintes. O afloramento da terceira foto pode não ser tão bonito como os outros, mas é muito interessante por associar a formação de colunas com intenso faturamento horizontal. 

 






                Outro local que eu tenho muita vontade de conhecer é a ilha de Staffa, na Escócia que mostra as belas colunas vulcânicas das três fotos abaixo. 

 




               Fotos como essas me deixavam (e deixam) sempre com uma vontade enorme de ver ao vivo esses lugares.

Em 2013, eu estava dando um curso de Gemologia em Tamanrasset, na Argélia (bem no meio do deserto do Saara) e vi, na Casa do Artesanato, um cartaz mostrando um belo morro da região, o monte Hoggar. Eu já vira fotos do Hoggar em vários outros locais, pois ele é muito bonito.  Um dia, porém, ao passar pelo cartaz citado, tive a impressão de que se tratava de um morro de basalto colunar.  Olhei com mais cuidado, e a impressão ficou muito reforçada.

Em um passeio pelo deserto da região que me proporcionaram dias depois, pedi que me levassem lá e – aleluia! - era um belo afloramento de basalto colunar, o maior que eu vira até então. Não fotografei porque lá tudo é (ou era) proibido fotografar.  Mas aí vai uma bela foto da Wikipédia.



Belos afloramentos desse tipo de rocha podem ser vistos igualmente em Portugal (abaixo) e nas ilhas Canárias.



O afloramento seguinte é espetacular, mas lamento não saber informar onde se situa. 

 

               O Brasil tem uma imensa extensão de seu território coberta por basaltos. Vai do Rio Grande do Sul a São Paulo, estendendo-se pelo Uruguai, Paraguai e Argentina.  Apesar dessa grande área basáltica, não conheço nenhum afloramento espetacular como os mostrados até aqui.  Em vários locais, porém, existem afloramentos similares, apenas pequenos e com colunas não tão bem formadas. 

              O melhor que eu vi foi ao norte da cidade de Vacaria, na BR-116, perto de um posto da Polícia Rodoviária Federal. A rocha forma ali colunas poliédricas de três ou quatro faces, e quando estive no local, há mais de vinte anos, eram extraídas peças de até 1 m de comprimento por até 8 cm de largura aproximadamente.  Esse tipo de rocha é usado para revestimento de paredes, sendo comercializado com o nome de basalto palito. Meu colega geólogo Álvaro Santos informou-me que aquele raro afloramento era usado também para obtenção de moirões, empregados nas propriedades rurais da região.  Isso mostra que peças maiores que as que eu vi eram ali extraídas.


Esse afloramento mereceu breve descrição de Josué Camargo Mendes, no seu ótimo livro Conheça o Solo Brasileiro, onde obtive a foto acima.

              Outro município em que encontrei basalto prismático foi num corte de estrada em Nova Bréscia, também no Rio Grande do Sul.

              Meu colega Sérgio Freitas Borges informa que há basalto desse tipo entre Lages e São Joaquim, em Santa Catarina.

              Outro colega, Antônio Pedro Viero, relata a existência de uma pedreira em atividade nesse tipo de rocha em Santo Antonio da Patrulha (RS). É um afloramento que ele considera sensacional e aonde leva sempre seus alunos da Petrologia Ígnea para atividade de campo. Fica um pouco antes do pedágio de Santo Antonio da Patrulha, na BR-290 (Free Way) indo no sentido de Osório. Se não me falha a memória - informa ele - fica no km 25 da Free Way, a esquerda de quem vai para a praia. É uma pedreira de brita da Sultepa. Dá para vê-la da rodovia.

Como geólogo, lamento muito a destruição desses belos afloramentos para fins industriais. O geólogo Prof. Luiz Fernando Scheibe, sente o mesmo. Certamente movido por esse sentimento, ele comprou algumas colunas do tal basalto palito numa loja de pedras para revestimento e montou esta escultura na sacada da sua casa, à qual deu o nome de “Ode ao Diabásio”.


Para encerrar, mais um maravilhoso basalto colunar, este da República Checa.  Não sei se é efeito do ângulo da foto, mas esta imponente “catedral” de basalto me encanta como poucos afloramento desse tipo conseguem encantar. 

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(*)http://www.geologyin.com/2018/04/new-insight-into-how-giants-causeway.html #l4b0M9UwbMrZiW8l.99

 

Créditos:

-  Várias das fontes onde obtive as fotos aqui apresentadas foram citadas no texto, mas outras não sei informar, porque as fotos foram obtidas no Facebook ou na Wikipédia sem essa informação.

- Dados sobre disjunção colunar em geral podem ser obtidos em http://volcano.oregonstate.edu/columnar-jointing.

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

METEORITO MUITO GRANDE CAIU ENTRE LAGOA VERMELHA E VACARIA (RS)

No início da madrugada do dia 1º de outubro, um meteorito pesando possivelmente sete a dez toneladas, caiu na região entre Lagoa Vermelha e Vacaria, provavelmente no município de Muitos Capões, no nordeste do Rio Grande do Sul.

Ele causou uma explosão tão grande antes de chegar ao solo que impediu de se ver as estrelas no momento em que ela ocorreu. Isso dificultou, num primeiro momento, definir o que se chama de elipse de dispersão dos seus fragmentos. Além disso, não havia dados sobre os ventos na região, e eles afetam bastante a trajetória dos fragmentos menores. Porém, dados coletados pela Rede Brasileira de Observadores de Meteoros permitirão que seja definida sua trajetória. Por enquanto, está sendo considerada elipse de dispersão a área mostrada na imagem de satélite abaixo (Vacaria é a cidade no centro e bem à direita). A provável trajetória dele está na imagem seguinte (ambas fornecidas pela citada rede).  


A busca pelo meteorito começou logo após sua queda, mas até dia 11 de outubro ainda não tínhamos nenhuma notícia de que alguém houvesse encontrado pelo menos um pequeno fragmento dele.

O grande clarão, que várias câmeras captaram, indica que era um  meteoro grande. Mas, há vários fatores que podem estar dificultando a descoberta.  Conheço bem a região Vacaria – Lagoa Vermelha e sei que são numerosas ali as áreas de lavoura, o que dificulta o acesso e a visualização de fragmentos. Além disso, informações que recebi – ainda não confirmadas – dão conta de que havia vento muito forte na hora da queda. Desse modo, o melhor é buscar fragmentos ao longo das estradas.  

  Procurar um meteorito ou mesmo pequenos fragmentos dele é muito importante porque esses corpos rochosos têm um grande valor científico e podem ter também um grande valor de mercado, pois há muita gente que os coleciona e compra. A importância científica advém do fato de eles serem material com a idade da formação do nosso sistema solar (4,6 bilhões de anos).  Assim, cada um que se coletar é um dado a mais no estudo do nosso planeta e dos demais que circundam o Sol.

    É importante que a busca seja iniciada tão logo esteja definida a elipse de dispersão, porque a grande maioria dos meteoritos se altera facilmente por ação do intemperismo (chuva e sol, por exemplo), passando a se assemelhar a uma rocha comum (a menos que caia num deserto).

    Para a ciência, o tamanho dos fragmentos coletados não importa muito, pois os pequenos e os grandes têm a mesma composição. Para colecionadores, sim, quanto maior ele for maior seu valor comercial e museológico. O meteorito de que falamos poderá ser encontrado em fragmentos de até talvez dezenas de quilos, mas deve-se começar procurando aqueles entre dez e oitenta gramas. À medida em que forem sendo encontrados, ficará mais fácil saber onde procurar os maiores.

    A imensa maioria dos meteoros se fragmenta de modo explosivo ao atingir camadas mais baixas da atmosfera. A pressão aerodinâmica sobre eles se torna tão intensa que se rompem,  caindo no solo em incontáveis pedaços (que só então passam a ser chamados de meteoritos). Há poucos casos de meteoros que chegaram até à superfície sem explodir, abrindo crateras no solo.

A Rede Brasileira de Observadores de Meteoros foi criada em 2014 por Carlos Augusto Di Pietro, que mora em São Paulo. Ela reúne 118 operadores, que monitoram 185 estações em 21 estados. Os operadores são as pessoas que instalam as estações e divulgam os dados coletados por sua(s) câmeras(s) de monitoramento ligada(s)a um computador. A rede usa a sigla Bramon (de Brazilian Meteor Observation Network), não tem fins lucrativos e fornece informações gratuitas para todo o Brasil e outros países.

Geralmente um operador da rede possui uma só câmera. Mas, alguns possuem até dez equipamentos desses, como Carlos Fernando Jung, de Taquara (RS), que possui doze dessas câmeras, cobrindo todo o céu.

A instalação de uma estação é simples e custa entre R$ 300,00 e R$ 1.000,00, informa Carlos Di Pietro. A Bramon conta com pessoal que orienta sobre como fazer isso. A estação pode ser instalada, inclusive por quem mora em apartamento.

Com os dados de duas dessas câmeras, desde que afastadas pelo menos 100 km uma da outra, já dá para traçar a trajetória do meteoro e definir o local de sua queda.

Quem quiser procurar fragmentos de um meteorito caído recentemente, deve buscar pedaços de rocha como os da foto abaixo. 




 Eles são escuros na superfície, com depressões (chamadas regmaglitos) semelhantes às que se formam quando se pressiona uma argila com os dedos. No interior, porém, costumam ser semelhantes a um pedaço de cimento. Deve-se procurar fragmentos pequenos, pois, embora sejam mais difíceis de serem visualizados, para cada fragmento de 500 gramas deve haver uns mil menores. 

O melhor lugar para procura, na elipse de dispersão, são as estradas. Se choveu depois da queda, olhar com cuidado as valetas por onde escorre a água da chuva.

Quem encontrar um fragmento de possível meteorito deve fotografá-lo e enviar a foto ao Museu Nacional, no Rio de Janeiro, onde trabalha astrônoma Maria Elizabeth Zucolotto, a maior especialista em meteoritos do Brasil. O Museu possui um dos poucos laboratórios do mundo capazes de identificar e atestar a autenticidade desse material. Se ela achar que pode ser de fato um meteorito, recomenda-se enviar um fragmento que deve ter pelo menos 30 gramas, já que 5  a 10 gramas são usados para análise e 20 gramas devem ficar depositados no Museu.

Os meteoritos recebem sempre o nome da localidade onde foram encontrados. Assim, talvez eu tenha em breve a satisfação de saber que foi encontrado o meteorito Lagoa Vermelha, nome da cidade em que eu nasci.

 

 


quarta-feira, 5 de agosto de 2020

MINERAIS EXTRAFÍSICOS - 2

              Este texto é uma continuação daquele que publiquei neste blog em junho de 2014. Quem quiser pode ler primeiro aquele, mas isso não será necessário para entender o que vou expor, pois reproduzo a seguir o início daquela postagem.

 

No início de maio [2014], tive um sonho muito interessante e intrigante.

Eu cheguei a um local onde estava exposto um material muito diferente. Era uma placa em que havia um núcleo mais ou menos circular, formado por um mineral preto, parcialmente envolvido por outro mineral, este dourado.

A partir daquele núcleo saíam, em todas as direções, hastes meio irregulares do mesmo mineral preto.

Era um conjunto estranho e ao mesmo tempo muito interessante. Nunca vi algo similar e não sei se isso existe na natureza, mas, é claro, não se pode duvidar disso.

Não sei também se o local onde a peça estava exposta era loja ou exposição. Mas, sei que ela estava à venda e que, paradoxalmente, não me interessei em comprar, supondo, eu acho, que seria muito cara.

Junto a ela, dois professores universitários, geólogos, admiravam o material. Eram um homem e uma mulher, e foi o homem que, vendo meu interesse, disse o nome do mineral dourado. Era um nome complicado, que não entendi bem e que, ao despertar, não consegui lembrar.

- Este preto eu não sei o que é, acrescentou ele.

Acordei intrigado com aquilo e por vários dias lembrei-me do sonho, recordando nitidamente como eram os minerais. Para que eu não viesse a ser traído pela memória no futuro, depois de uma semana mais ou menos desenhei o que eu havia visto numa folha de papel, como se vê abaixo.

 


               Em maio de 2018, fui aos Estados Unidos visitar a família do meu filho.  Ao entrar na casa deles, ainda com a mala na mão,  tive uma grande surpresa, ou melhor, um susto: na parede da sala, estava exposto o desenho abaixo, feito pelo Lorenzo, meu neto de oito anos. É inegável a semelhança do que ele desenhou com o mineral que eu vi no meu sonho.

  


               Eu não havia contado meu sonho ao Lorenzo nem aos seus pais ou a sua irmã. Aliás, quem sempre demonstrou  muito interesse pelos minerais foi sua irmã, não ele.   

Quando lhe perguntei o que era aquela figura ele disse que era uma flor, mas continuei impressionado do mesmo jeito.

Bem, como eu disse na minha  postagem de 2014, eu nunca vira um mineral semelhante àquele do sonho ou do desenho do Lorenzo. Mas, meses atrás, novo susto/surpresa: encontrei no Facebook a foto abaixo.

São dois minerais. Eu não sabia quais, mas minha cara colega geóloga Andrea Sander me informou que são coríndon (hexagonal, rosado, no centro)  e rutilo (agulhas escuras), procedentes de Eifel (Alemanha). Os cristais devem medir alguns milímetros apenas.  

  

             Foto: Fred Kruijen

 Em junho, nova surpresa. Também no Facebook encontrei a foto abaixo. Trata-se de brochantita, um sulfato básico de cobre, procedente da Austrália.

  

 

 Acho o mineral da segunda foto mais bonito, mas  a associação dos dois primeiros  me parece muito mais misteriosa e mexe mais comigo. Deve ter mais a ver com o mineral do meu sonho. 

De qualquer modo, ambos me mostram que provavelmente em algum lugar do planeta a natureza criou aquilo que eu só vi dormindo.


sexta-feira, 12 de junho de 2020

SOBRE A FORMA DA TERRA


              No Curso Ginasial (últimas séries do atual Ensino Fundamental), a gente aprendia as provas de que a Terra era esférica. A mais clássica delas era a do navio que se aproxima ou se afasta do porto. Quando se aproxima, a gente vê primeiro o mastro depois o casco; quando se afasta, desaparece primeiro o casco, depois o mastro. Outra prova era a sombra de Terra projetada na Lua nos eclipses lunares. E havia ainda uma evidência indireta: se todos os demais planetas do nosso sistema solar são esféricos, por que ela não seria?
Aprendia-se também que nosso planeta não era perfeitamente esférico. “A Terra é achatada nos polos e dilatada no equador”, diziam os livros e os professores. De fato, o diâmetro mede 12.756 km na direção Este-Oeste e 12.714 km na direção Norte-Sul, o que dá uma diferença de 42 km. (O que não me ensinaram é que o raio do polo Norte é 45 m maior que o do polo Sul.)
Mas tarde, aprendi que a forma não é bem esférica, mas sim um tanto parecida com a de uma pera, levemente mais larga no hemisfério Sul do que no Norte.
Por fim, no curso de Geologia, me ensinaram que a forma é bem menos regular e que o mais adequado era chamá-la de geoide (geo=Terra + oide=forma), uma forma que só ela tem.
Em 2011, o satélite Goce, da Agência Espacial Europeia, mostrou uma imagem diferente da forma do nosso planeta, obtida a partir da variação da força de gravidade.  Essa força varia de um local para outro na superfície terrestre, sendo influenciada por grandes massas como as montanhas, e essas diferenças, numa escala exagerada, são visíveis na figura abaixo.


 As cores vermelha a amarela mostram as regiões onde a gravidade é mais forte e as cores azul a violeta, onde ela é mais fraca.
O resultado parece mostrar que o nosso planeta tem a forma de uma batata. Mas, como foi dito, a escala está exagerada. Ele está longe de ser tão irregular assim.
Suponho que a Terra talvez fosse mais esférica do que é se não tivesse sofrido, quando ainda estava em formação, o enorme impacto de um asteroide que lhe arrancou um grande pedaço, que é hoje a nossa Lua. Mas, posso estar errado.
Por fim, para não passar por desinformado, quero deixar claro que sei, sim que há gente por aí dizendo que a Terra é plana.  Mas, não tenho nada a dizer a eles. Meu recado é para aqueles que contestam isso dizendo que  “a Terra não é plana, é redonda”.  Ora, gente, um CD e uma pizza são planos, mas também são redondos. Digam, então, que "a Terra não é plana, é esférica". Ou quase.

sexta-feira, 13 de março de 2020

O DIA EM QUE PORTO ALEGRE TREMEU




Fugindo um pouco da temática deste blog, que são os minerais e em especial as gemas, mas ficando ainda dentro da Geologia, quero contar a história do dia em que Porto Alegre (RS) tremeu com um terremoto.
Em 8 de junho de 1994, esta cidade foi atingida pelas ondas sísmicas provocadas por um abalo que ocorreu na Bolívia, a 2.200 km daqui.
O abalo, que atingiu 7,8 graus na Escala Richter, foi mais forte que outro, ocorrido nos Estados Unidos em janeiro daquele ano, e que, com uma magnitude 6,6 destruiu diversos bairros de Los Angeles. O terremoto da Bolívia, porém, teve consequências bem menos sérias porque seu hipocentro (local no interior da Terra onde ele ocorre; não confundir com epicentro) situou-se a grande profundidade, 600 km abaixo da superfície.
Em 90% dos casos, a magnitude de um terremoto não passa de 7,0 graus. Deve-se lembrar que a Escala Richter é uma escala logarítmica. Isso significa que a magnitude 7,0 é dez vezes maior que a 6,0, cem vezes maior que a 5,0, mil vezes maior que a 4,0, e assim por diante.
Essa escala avalia os terremotos de acordo com a energia liberada ou, mais precisamente, de acordo com a amplitude das ondas sísmicas que eles provocam. Em áreas urbanas, como Porto Alegre, a importância do terremoto é avaliada de modo mais apropriado se se usar a Escala de Mercalli, que classifica os sismos de acordo com os efeitos que eles provocam sobre a população e as edificações. O sismo de 08.06.1994 foi sentido desde o Canadá até à Argentina. Em Porto Alegre, ele:
              - foi sentido por algumas pessoas (não pela maioria);
               - fez sacudir lustres e objetos suspensos;
             - fez vibrar móveis nos andares mais altos de alguns edifícios;
          - fez girar ventiladores que estavam des-ligados.
              Esses sinais permitem dizer que o abalo teve uma intensidade IV na Escala de Mercalli, que varia de I a XII, sendo por isso classificado como moderado.        
              A Escala Richter, ao contrário da Escala de Mercalli, não tem um limite definido, entretanto, nunca se registrou um terremoto com magnitude 10,0. A mídia brasileira muitas vezes informa erroneamente que a escala vai até 9,0, mas ela não tem limite, nem superior, nem inferior.
              O terremoto boliviano de que estamos falando levou 5min 38s para ser sentido em Porto Alegre. Este foi o tempo que as ondas sísmicas, viajando a 6,5 km/s, levaram para percorrer os 2.200 km que nos separam do seu epicentro (ponto da superfície situado exatamente acima do hipocentro).
             
Origem dos terremotos

              A crosta terrestre, camada rígida e mais superficial da Terra, está dividida em blocos, chamados placas tectônicas. Essas placas movem-se muito lentamente (alguns centímetros por ano) e podem se chocar umas contra as outras. Daí, surgem os terremotos. A América do Sul é uma dessas placas e desloca-se para Oeste. Nesse movimento, afasta-se da placa onde está a África, à qual já esteve unida no passado, e choca-se com a placa de Nazca, que forma parte do fundo do oceano Pacífico. Desse choque, surgiu a cordilheira dos Andes, um amarrotamento da crosta terrestre. Isso explica por que ocorrem fortes terremotos nos países andinos, mas apenas abalos pouco intensos no Brasil.

Sismógrafos e sismogramas

              Os terremotos são registrados e estudados nas estações sismográficas. Em 1994, a única dessas estações existente na Região Sul estava em Porto Alegre. Hoje, só no Rio Grande do Sul existem três.
Nas estações sismográficas, aparelhos chamados sismômetros medem os terremotos e outros, chamados sismógrafos, registram seus efeitos numa folha de papel. Esse registro é chamado de sismograma.
              O sismograma é desenhado por uma agulha que se apoia sobre um papel, que, por sua vez, envolve um cilindro giratório em posição horizontal (na verdade, em posição muito levemente inclinada). À medida que o cilindro vai girando, a agulha vai desenhando o sismograma, através de movimentos em zigue-zague. Quando não há atividade sísmica (abalos), a linha é praticamente reta. Quando os abalos surgem, a agulha começa a dar saltos, movendo-se horizontalmente.
              A figura abaixo mostra o sismograma do terremoto de que estamos falando, conforme foi registrado em Porto Alegre. Nele, cada linha longitudinal (vertical) está separada das linhas vizinhas por um intervalo de tempo de 5 min. As linhas transversais (formadas por pequenos saltos da agulha) distam 10 s das linhas transversais vizinhas.
              O papel onde foi registrado o sismograma, como dissemos, envolvia um cilindro giratório. Ele girava de baixo para cima. Os traços vistos no sismograma formaram-se da direita para a esquerda, de cima para baixo. Vinham-se formando linhas praticamente retas, mas exatamente às 21h 37min 28s começou a ação frenética da agulha, desenhando o nervoso zigue-zague. Lembrando: esse não foi o momento exato do início do terremoto, mas o momento exato em que as ondas sísmicas chegaram à estação sismográfica de Porto Alegre.

              Para encerrar, uma curiosidade: no dia 7 de setembro de 2001, um milhão de crianças do Reino Unido pularam nos pátios de suas escolas ao mesmo tempo para tentar provocar um terremoto. A iniciativa foi do governo britânico, como parte das atividades do Ano da Ciência, que teve por objetivo despertar o interesse pela ciência em crianças e jovens de 10 a 19 anos de idade.
O resultado não foi além de um ligeiro rabisco nos sismógrafos, mas foi aceito pelo Guiness – O Livros dos Recordes como o maior salto simultâneo da história.




sábado, 22 de fevereiro de 2020

AS PÉROLAS E AS MULHERES


Por que as mulheres gostam tanto de pérolas?  Por uma questão de afinidade!

    Pérolas são cheias de curvas, têm um brilho misterioso, são diferentes.
    Pérola não precisa de lapidação, pois, como a Marina da música, já é bonita com o que Deus lhe deu. 
    A pérola é difícil de quebrar, mas se não for tratada com cuidado pode até morrer
    Ela não é pedra; ela foi produzida por um ser vivo.
    Assim como é preciso abrir em média 40 conchas para encontrar uma pérola, só depois de conhecer muitas mulheres o homem encontra aquela que veio ao mundo para ser sua. 
    Pérolas geralmente são cultivadas, mas existem as naturais, as de beleza selvagem.
    Não existem pérolas sintéticas. Valiosa ou não, a pérola é sempre resultado de um processo natural.
    A dor de um corpo estranho faz o molusco dar ao mundo essa maravilha que é a pérola. A dor da mulher no parto traz ao mundo um novo ser humano, maravilha que gera alguém que é sempre único.
    A obra mais famosa de Botticelli, O Nascimento de Vênus, mostra esta deusa surgindo de onde ? De uma concha!


    
    Para os indianos, pérolas são lágrimas congeladas nascidas do encontro das nuvens com as águas. E quem não sabe a força que tem uma mulher que chora?
    Os gregos antigos acreditavam que da pérola emanavam forças vivificantes e protetoras. E não é da mãe que emana nossa vida? E não é ela quem mais nos protege desde a fecundação?
    E se a pérola brilha soberana, a madrepérola - mãe da pérola - brilha discretamente, feliz com o esplendor da filha.
      
     Por que as mulheres gostam tanto de pérolas?   Porque as pérolas são mulheres!   E feliz do homem que aprendeu na vida que mulheres são como pérolas!