quarta-feira, 24 de agosto de 2011

POR QUE AS MULHERES GOSTAM TANTO DE PÉROLAS

Minha amiga Márcia Maia, webmaster do Portal das Joias (www.portaldasjoias.com.br), me perguntou um dia, no final de um e-mail: Por que as mulheres gostam tanto de pérolas ? Era, eu acredito, uma pergunta retórica, mas não quis deixar sem resposta uma amiga que eu admiro muito por ser uma guerreira como profissional, esposa e mãe. Só que eu não sabia o que lhe responder.

Pensei um pouco, porém, e logo percebi: é uma questão de afinidade, de muita afinidade!

A pérola, como as mulheres, é cheia de curvas, tem um brilho misterioso, é diferente...

Ela é uma gema, mas não precisa de lapidação, pois, como a Marina de Caymmi, já é bonita com que Deus lhe deu.

A pérola é difícil de quebrar, mas se não for tratada com cuidado, sofre danos irreparáveis e, costuma-se dizer, pode até morrer.

Outra coisa: ela é usada em joias, mas não é uma pedra, pois foi produzida por um ser vivo.

Não sei se vocês sabem, mas é preciso abrir em média quarenta conchas para encontrar uma pérola. E é o que faz o homem, que muitas vezes só depois de conhecer muitas mulheres encontra aquela que veio ao mundo para ser sua.

A imensa maioria das pérolas encontradas no mercado são cultivadas, mas existem as naturais, aquelas que têm, podemos dizer, uma beleza primitiva ou mesmo selvagem. E assim são as mulheres: algumas são naturalmente belas, outras têm uma beleza cultivada.

Mas, não ficam por aí as muitas semelhanças. É a dor causada pela presença de um corpo estranho que faz o molusco reagir e dar ao mundo essa maravilha que é a pérola. E não é com a dor do parto que a mulher dá ao mundo um novo ser, que é sempre maravilhosamente único ?

Na sua obra mais famosa, O Nascimento de Vênus, o pintor italiano Sandro Botticelli mostra a deusa do amor e da beleza surgindo de onde ? De uma concha!

Para os indianos, as pérolas são lágrimas congeladas nascidas do encontro das nuvens com as águas. E quem não sabe a força que tem uma mulher que chora ?

Os gregos antigos acreditavam que da pérola emanavam forças vivificantes e protetoras. E não é da mãe que emana nossa vida ? E não é ela quem mais nos protege desde a fecundação ?

E se a pérola brilha soberana, a madrepérola – ou seja, a mãe da pérola - brilha discretamente, feliz com o esplendor da filha.

Voltando, então, à pergunta de minha amiga Márcia - Por que as mulheres gostam tanto de pérolas ? - a resposta fica agora fácil: Porque as pérolas são femininas, as pérolas são mulheres !

E feliz do homem que aprendeu, na vida, que mulheres são como pérolas !

terça-feira, 16 de agosto de 2011

O REPOUSO DO GUERREIRO

          Jogador de futebol quando se aposenta pendura as chuteiras. Por isso, para mim, geólogo aposentado é aquele que pendurou o martelo.
Coerente com isso, decidi que, quando me aposentasse, penduraria meu valente companheiro numa parede de casa, em lugar de destaque.
Estou aposentado há quatro anos, mas apenas do ponto de vista legal. Embora raramente use meu precioso instrumento de trabalho, me considero um geólogo na ativa e, por isso, nunca quis pendurar meu martelo. Só que, na mudança de minhas coisas do meu local de trabalho para casa, ele acabou ficando junto com outras ferramentas, ao lado de um simples martelo de carpinteiro.
Isso me incomodava e me deixava com remorso. Aquilo não era lugar para martelo de geólogo, um símbolo da nossa profissão, muito menos para um martelo que me acompanhou em tantas jornadas, algumas épicas e memoráveis. Mas, eu não encontrava um lugar adequado para ele e o coitado continuava lá, em indigno local para um merecido repouso.
Um espaço para ele, bem à altura de sua importância, seria a estante onde está a minha coleção de minerais. Mas, ela já estava muito cheia, e eu relutava em colocá-lo ali.
          Este mês, porém, o remorso falou mais alto e, incentivado também pela Jane, companheira de longa caminhada que também admira os minerais e a Geologia, resolvi finalmente dar-lhe um lugar à altura do seu valor e dignidade. Primeiro, removi a ferrugem que nele havia, fruto não do desuso ou do descaso, mas das intempéries que por tanto tempo enfrentamos juntos. Depois, limpei seu cabo de nylon, removendo até as impurezas de cada reentrância das palavras nele gravadas, a começar pela marca famosa (Estwing). E, por fim, coloquei-o entre os minerais e fósseis da minha coleção, em lugar sempre bem iluminado, seja de dia ou de noite.
         Lá está ele agora, valente e garboso como sempre. Deitado, sim, mas não pendurado.