O
emprego de materiais pouco comuns em joias não é grande novidade. Sempre há
designers
exercitando a criatividade e a originalidade, pondo em suas criações
materiais usualmente empregados apenas com outras finalidades.
Acho que foi lá pela década de 70 do século
passado, quando o jacarandá era uma madeira muito usada, que surgiram joias
feitas com ouro e jacarandá. Elas ainda hoje são produzidas e podem ser adquiridas,
na internet, por exemplo no site www.mercadolivre.com.br.
No início do século atual, surgiu algo muito inusitado:
empresas dos EUA e depois de outros países começaram a produzir diamantes sintéticos
feitos com cinzas humanas. Isso mesmo:
após a cremação, a família entrega parte das cinzas (bastam 30 a 40 g para se
ter um diamante de um quilate) e recebe um diamante de origem muito especial. A
cor pode ser a natural ou outra, à escolha do cliente. Em 2008, havia pelo menos uma meia dúzia de
laboratórios produzindo diamantes humanos (em inglês "memorial diamonds").
Atualmente, as joias com materiais inusitados continuam surgindo. Eliana Colognese,
designer gaúcha, tem criado peças (foto abaixo) usando botões, vegetais diversos, como algodoeiro,
jacarandá e coco, prendedores de roupa e até cabo de enxada. (Saiba mais em http://jcrs.uol.com.br/ conteudo/2017/05/ge/noticias/565392-joias-alem-do-metal.html.)
Um objeto de adorno pessoal que não é propriamente uma joia, mas
que é igualmente feito com material pouco comum são os óculos de pedra. Mármore, lápis-lazúli e outras rochas estão sendo
usados para fazer armações de óculos em que cada peça é única, jamais igual a
outra. A cor é natural e as estampas são
vênulos da própria pedra.
A Budri (www.budri.com), empresa que produz esses óculos, apresentou, em março deste ano,
numa feira em Milão, óculos luxuosos feitos de mármore de várias cores e com as
mais variadas texturas (foto abaixo). Esses mármores provêm de países variados, como Turquia,
Índia e França e as peças com eles produzidas trazem o nome da pedreira de onde
a matéria-prima foi extraída.
O processo de fabricação leva até 25 horas e resulta
em armações resistentes e, ao contrário do que se poderia supor, leves.
É uma novidade recente, mas a fila de espera por um
par desses óculos já começa a ganhar corpo na Europa.
Por
fim, um último tipo de joia inusitado - e controverso -, que segue a linha dos
diamantes humanos. A joalheria
australiana Baby Bee Hummingbird está criando peças feitas com leite materno,
dentes de leite, placenta, cabelos, cordão umbilical, fluidos corporais e até
embriões humanos que sobraram da fertilização in vitro. Ela já produziu pelo menos cinquenta joias com
cinzas de embrião humano.
Essas peças são, dizem
eles, uma arte sagrada e representam um
meio de guardar uma memória.
(Leia mais sobre isso em http://ultimosegundo. ig.com.br/mundo/mundo-insolito/2017-05-15/embrioes-joias.html.)
O uso de embriões está sendo opção de pais que não querem doá-los nem enterrá-los, mas que não podem continuar
pagando a taxa de sua manutenção que varia de US$ 300 (R$ 931,00) a US$ 1.200
(R$ 3.725,00) por ano.
Joias "biológicas" como a que se vê acima, podem ser pendentes, brincos
e anéis e podem conter também a primeira mecha de cabelo cortado, o primeiro
dente que caiu ou até fluidos corporais.
A iniciativa é criticada por grupos
pró-vida, que acreditam que a vida tem início já a partir da fecundação. A ONG
Liga Americana da Vida (ALL) considera a prática demoníaca.