sábado, 21 de fevereiro de 2015

GEOLOGIA NAS PRAIAS DE TORRES (RS)

       Assim como a praia da Joaquina, em Florianópolis, sobre a qual falamos em texto aqui publicado dia 9 de janeiro deste ano, as praias gaúchas de Torres são uma aula de Geologia a céu aberto.
            Também ali são duas as rochas que afloram, só que diferentes daquelas da Joaquina. Lá, a gente vê granito e diabásio; aqui, a gente vê basalto e arenito.

O arenito

            O arenito é uma rocha sedimentar formada pela deposição e compactação de areia (grãos de minerais medindo 0,125 mm a 2 mm de diâmetro). O arenito de Torres tem cor marrom-clara a rosada (foto abaixo) e, como a imensa maioria dos arenitos é formado por grãos de quartzo.  



             A areia que se deposita e depois se torna um arenito pode ser transportada por um rio, pelo mar ou pelo vento. O arenito de Torres é daqueles cuja areia veio trazida pelo vento (arenito eólico). Como se sabe isso? Pela maneira como se distribuem suas camadas. Elas têm certa inclinação num ponto, mas logo acima a inclinação é outra, e para os lados também mostra inclinação (que os geólogos chamam de mergulho) e direção variáveis (próxima foto). Essas mudanças caracterizam a chamada estratificação cruzada e são consequência das mudanças na direção do vento à época da deposição da areia. Se a areia tivesse sido depositada por um rio, também mostraria estratificação cruzada, mas ela seria bem diferente (estratificação cruzada acanalada).
             


             Além disso, os grãos de quartzo do arenito eólico não têm brilho porque o atrito de uns contra os outros, no ambiente desértico, sem água, os deixa foscos.
          Torres faz parte de uma grande porção da América do Sul que era um vasto deserto nos períodos Triássico (251 a 200 milhões de anos atrás), Jurássico e início do Cretáceo (145,5 até 65,5 milhões de anos atrás). E deserto bem típico: arenoso, quente, seco e sem vida. O arenito que ali se vê é chamado pelos geólogos de Formação Botucatu ou Arenito Botucatu, porque foi descrito pela primeira vez no município desse nome, em São Paulo.
            A compactação das areias do antigo deserto formou uma rocha muito porosa e permeável. Por isso, ela absorve muita água, água esta que, através de poços tubulares, pode ser aproveitada facilmente.
Rochas assim, que armazenam e fornecem água com facilidade, chamam-se aquíferos. Já ouviram falar no Aquífero Guarani, a vasta reserva de água subterrânea existente na América do Sul, principalmente no sul do Brasil?  Pois apraz-me me informar-lhes que o Arenito Botucatu é a principal rocha desse famoso aquífero, que é o maior e melhor do Brasil.
Um furo de sonda feito pela CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais) 2,5 km ao norte da cidade mostrou esse arenito com 40 metros de espessura.

O basalto

      O basalto é uma rocha vulcânica, formada pelo resfriamento e solidificação de lava e é composto basicamente de cristais de piroxênio e plagioclásio.       
     Lava é o magma que chegou à superfície. Nessas condições, ele resfria muito depressa, por isso os grãos desses minerais são muito pequenos, invisíveis a olho nu, ao contrário dos cristais de feldspato e quartzo que formam o granito da praia da Joaquina. O granito provém de magma que resfriou no interior da costa terrestre, lentamente, a quilômetros de profundidade. 
            O basalto tem a mesma composição do diabásio que se vê na Joaquina, mas as duas rochas diferem no ambiente de formação: ambas são rochas ígneas, mas o diabásio formou-se por resfriamento e consolidação de magma dentro da crosta, não na superfície como o basalto. O basalto é, portanto, uma rocha ígnea extrusiva e o diabásio, rocha ígnea intrusiva.
            Este basalto, chamado pelos geólogos de Formação Serra Geral, ocupa toda a metade norte do Rio Grande do Sul, mais de metade do Estado de Santa Catarina, uns 50% do Paraná, partes de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Uruguai, Paraguai e Argentina. Estende-se por nada menos de 1,2 milhão de quilômetros quadrados, uma das maiores, se não a maior extensão de basalto continental do mundo todo. Ele começou a formar-se há 120 milhões de anos, no período Cretáceo, quando a América do Sul e a África começaram a se separar. Houve a fragmentação de um protocontinente que reunia todas as massas continentais do planeta, de nome Pangeia, cercado por um único mar, chamado Pantalassa. O vulcanismo cessou há 100 milhões de anos, mas essa separação continua ocorrendo ainda hoje, alguns centímetros por ano.
            Na fragmentação do antigo continente único, formaram-se grandes fendas, por onde saía a lava basáltica. O basalto é assim, ele não extravasa através de cones vulcânicos, mas sim de grandes fendas, chamadas pelos geólogos de geóclases. A cicatriz de uma dessas grandes fendas ainda é visível e passa exatamente por Torres, estendendo-se até Posadas, na Argentina. Ela é chamada pelos geólogos de Lineamento Torres-Posadas. 

O contato arenito / basalto

            O interessante na praia de Torres não é a simples presença das duas rochas, mas o fato de elas estarem em contato direto uma sobre a outra. Isso pode ser visto na praia da Guarita, na Torre Sul e na parte sul da Torre do Centro.
Havia como foi dito, um vasto deserto arenoso. A lava veio e se espalhou sobre a areia. Por isso, é possível ver, na zona de contato, alterações no arenito, promovidas pelo calor da lava. A foto abaixo mostra o arenito rosado sob o basalto cinza. Os pedaços de rocha menores são de basalto também. 


  
Nas fotos a seguir, o arenito, devido ao calor da lava, mostra-se mais compacto e mais difícil de quebrar e com cor também algo diferente.
  





  A próxima foto mostra também o arenito Botucatu (parte inferior) em contato com rochas vulcânicas da Formação Serra Geral, mas em outro contexto. São lajotas de uma calçada existente ao lado do Supermercado Zaffari Higienópolis, em Porto Alegre.



   Nos fundos do mesmo supermercado, pode-se ver o arenito num muro e na calçada, nesta com cor mais escura, devida à sujeira acumulada ao longo do tempo. 



 Como o ambiente desértico persistiu ainda durante um tempo após o início do vulcanismo, e como a lava basáltica se depositava em derrames que se sucediam com intervalos de duração variável, pode-se ver, em vários pontos do estado, camadas de arenito entre duas massas de basalto.  
            As fotos aqui exibidas foram tiradas na praia da Guarita, dentro do Parque Estadual da Guarita. Pode-se observar, na imagem abaixo (esta da Wikipédia), que os basaltos mostram fraturas na direção vertical.

                       

      Isso é comum na parte central e mais espessa de um derrame de basalto e a tendência, por isso, é blocos se soltarem e caírem. Aliás, a foto a seguir mostra exatamente isto: um bloco de basalto caído sobre o arenito da base da torre da Guarita.



              Este basalto que se vê em Torres é a rocha da qual se extrai enorme quantidade de ágata e de ametista no Rio Grande do Sul, a ponto de tornar esse estado o maior produtor mundial das duas pedras preciosas. Infelizmente, ali, nas praias de Torres, elas não são vistas.

O outro lado de Torres

            Se juntarmos o mapa da América do Sul com o da África, veremos que eles se encaixam de modo surpreendente. Segundo o pesquisador Ruy Rubem Ruschel, o ponto onde hoje é Torres estava unido ao atual cabo Cruz, na Namíbia, que ele chamava de o outro lado de Torres.  E assim como Torres é o único ponto do litoral brasileiro aonde os basaltos chegam até à praia, cabo Cruz, afirma ele, é o único ponto do litoral africano onde isso ocorre.
     Na Namíbia, o basalto é chamado de Formação Drakensberg e o arenito, de Arenito Cave.
Os mapas abaixo mostram a enorme semelhança da costa brasileira com a costa ocidental africana. No mapa da direita, uma ampliação do outro, Torres fica onde aparece o nome da pequena (3.800 habitantes) cidade de Karibib, no mapa da Namíbia. 





            A cidade de Torres está no paralelo 29º 20’, que passa pelo extremo sul da Namíbia, fronteira com a África do Sul. Isso mostra que, supondo que a África tenha permanecido imóvel, a América do Sul, ao se separar dela, teria feito um movimento para Sudoeste, girando no sentido horário. Dados atuais mostram que hoje o deslocamento do nosso continente é para Oeste (4 mm/ano) e, sobretudo, para o Norte (14 mm/ano). 
            A propósito, em 2001 a artista plástica sul-africana Georgia Papageorge realizou uma instalação em que, uma série de bandeiras enfileiradas instaladas na praia em Torres continuava com bandeiras iguais instaladas na África, no ponto outrora unido ao daqui. Nesse projeto, chamado Africa Rifting – Lines of Fire. Namibia/Brazil, as bandeiras de Torres foram instaladas no dia 11 de setembro de 2001 (sem saber, conta ela, que, naquela dia, os Estados Unidos sofriam os tristemente famosos ataques da Al Qaeda). 
Abaixo, as bandeiras de Georgia na costa africana. A foto mostra apenas as areias do deserto da Namíbia, na costa do Esqueleto. Nada dos basaltos citados por Ruschel. Quem está certo, ele ou Georgia?  Troquei e-mails com Georgia Papageorge em 2001 e 2002, mas não a conheço. Já Ruy Ruben Ruschel conheci bem e até escrevemos um artigo de História juntos. Por isso, em princípio acredito nele.




Torres hoje

            Cessado o vulcanismo, Torres e todo o litoral gaúcho foram palco de vários avanços (transgressões) e recuos (regressões) do mar. Atualmente, estamos numa fase de regressão marinha, iniciada há 2.000 anos. Essa é a razão de haver tantas lagoas no litoral do Rio Grande do Sul, inclusive dentro da cidade de Torres.


            Finalizando, convido os amigos a dar uma olhada mais cuidadosa nas rochas de Torres quando forem tomar um banho de mar naquela cidade. E lembrem: a distante África já esteve coladinha à mais bela praia gaúcha. 

domingo, 1 de fevereiro de 2015

SOBRE O ARTIGO “E A ENERGIA DOS CRISTAIS? MOTIVOS PARA CRER E DUVIDAR”.

                                   Análise recebida de meu amigo e colega GEÓL. MARIO FARINA, em 01.02.2015, e aqui reproduzida (com sua autorização) por ser extensa demais para aparecer na seção de comentários de um blog como este. 

            Li e reli atentamente o artigo. Depois consultei meus alfarrábios e procurei algo novo na Internet, sedimentando minhas ideias sobre o tema.
            O assunto é fascinante o que me motiva a opinar, apesar de eu não considerar-me um especialista no ramo.
            Tratando-se de “energia” cabe inicialmente distinguir os diversos tipos de energia dos cristais e os efeitos correspondentes produzidos em cada caso. Eis, sumariamente, os principais:
            - Cristais de minerais radioativos possuem energia pertinente à radioatividade;
            - Cristais de quartzo apresentam piezoeletricidade, podendo gerar efeito de corrente elétrica. Têm, pois, energia piezoelétrica;
            - Cristais de minerais magnéticos têm energia magnética, denotando força de atração especialmente sobre objetos de ferro;
            - Cristais de minerais fluorescentes (tais como flourita, scheelita e opala) quando devidamente estimulados por luz ultravioleta, raio-X, ou luz infravermelha emitem energia luminescente; e
            - Todo e qualquer cristal por ser constituído de átomos e diversas partículas subatômicas possui energia, denotada principalmente pelos movimentos constantes de tais partículas. Isto é uma fenomenologia implícita da própria matéria. Em circunstâncias especiais surgem a energia nuclear, a quântica, etc.
            Em todos esses casos os cristais têm energia, sendo, pois, evidentemente energéticos, mas seguramente não exercem efeitos sobre a saúde e o comportamento humano.
            Agora vamos discutir se os cristais possuem outra energia que atuando sobre os corpos humanos física ou mentalmente e também sobre os ambientes em que as pessoas convivem, possam provocar alterações, exercendo efeitos benéficos na saúde, nos comportamentos e até mesmo em variada gama de acontecimentos futuros. Isto seria o que alguns denominam de “poder dos cristais”.Há sérias duvidas se esta energia existe ou seja mera especulação. Veremos!
            Os crentes ou aficionados de tais benefícios costumam alinhar imensa e variada gama de males em que a energia dos cristais atua e beneficia, tais como: cálculos nos rins e na vesícula, enxaqueca, dores de coluna, artrite, reumatismo, gota, bronquite, diabetes, prisão de ventre, insônia, alergias, afecções oculares, esgotamento nervoso e amigdalite – e deve ter mais – caracterizando autêntica panaceia, ou seja, remédio para todos os males.
            Os mesmos adeptos são pródigos em atestar benefícios dessa mesma energia dos cristais em inúmeros e variados casos, com destaque para: incremento da autoestima, acréscimo da energia positiva nos relacionamentos interpessoais, promoção da autoconfiança, da gentileza e da simpatia, atração de riqueza e amor, harmonização de ambientes, combate a tristeza, proteção contra ladrões (!), aceleração da evolução espiritual e acentuação das sensibilidades e percepções intuitivas.
            Quanto às metodologias recomendadas para utilização dos cristais, destacam-se: colocação dos cristais sobre os órgãos afetados, manter os cristais nos bolsos das vestes, beber a água onde os cristais devem ser previamente mergulhados (denominado elixir de cristais), usar cristais em formas de pirâmides, e colocação sob travesseiros.
            Vejamos agora as circunstâncias envolvidas no trato com as propaladas energias dos cristais e seus anunciados poderes em beneficiar os humanos.
            - Agentes dos procedimentos:
a) Bastantes frequentes: mágicos, curandeiros, magos e xamãs.
b) Esporádicos: charlatões, embusteiros e espertalhões.
c) Raros: curiosos e experimentadores
d) Muito raros: cientistas
            Sendo este ranking verdadeiro, e tudo indica que seja, ele não indica favorabilidade para a crença para que os cristais possam operar beneficamente para a saúde e para o comportamento humano.
            - Locais dos procedimentos – As instalações dos curandeiros, magos e xamãs representam as mais frequentes. Em alguns casos são utilizados palcos para shows e raramente domicílios particulares.
Interessante observar que em hospitais e laboratórios de saúde não existem instalações para tratamentos por cristais – nem no Brasil nem no exterior. Este fato contribui para a descrença na efetividade da denominada cristaloterapia.
            Cristais utilizados – A lista das espécies minerais é grande e variada, mas algumas parecem ser preferidas, tais como: quartzo (cristal de rocha, ametista e citrino), calcita e opala. São geralmente escolhidos cristais bem formados e com tamanhos razoáveis. É intrigante constatar que rochas, como regra, não são utilizadas, apesar de conterem os mesmos minerais habituais na cristaloterapia. Não são conhecidos usos, por exemplo, de riolitos que contêm diminutos cristais de feldspato, nem tão pouco de basaltos que contêm pequeninos cristais de piroxênio. Então, as amostras escolhidas para uso parecem que necessitam bem impressionar aos olhos, independentemente de suas constituições mineralógicas.
            Ao consultarem-se na Internet as listas de minerais recomendados acompanhados de seus significados e de seus pretensos poderes constata-se que em vários casos não há coincidências nos tipos de benefícios atribuídos ao mesmo mineral. Isto faz lembrar as previsões de horóscopos que as vezes diferem de jornal para jornal ou de astrólogo para astrólogo. Esta diferença do prometido beneficio para o mesmo mineral é fator de descrença na validade da cristaloterapia.
             - Depoimentos – Ignoramos depoimentos de instituições cientificas ou medicas, atestando poderes terapêuticos aos cristais. Algumas pessoas, no entanto, se dizem beneficiadas ou mesmo curadas de certos males. Isto efetivamente pode ocorrer, mas em função apenas de reações naturais dos organismos ou até mesmo como fruto de expectativas otimistas, baseadas em autossugestão ou pensamento positivo, não necessitando de emanações energéticas de cristais para as curas.
            - Existência de provas cientificas – Provas confiáveis são absolutamente desconhecidas.
            - Contexto espalhafatoso – O espalhafato é relativamente comum aos aficionados dos poderes benéficos dos cristais, como para o caso da ametista, onde é divulgado assim:
            “... seu significado “não bêbado” se devia a suposta faculdade dessa pedra de manter sóbrios os consumidores de vinho mesmo se cometessem excessos. A propósito a bebida era servida em recipientes de ametista, pratica que persistiu até a Idade Média. Como a cor da pedra se confunde com a do vinho tinto seu uso permitia que os consumidores já entrando em estados alterados não percebessem quando o vinho estava sendo aguado ou mesmo substituído por água. Atributos modernos da ametista: munida da cor especifica do chacra coronário, um dos veículos energéticos de contato com outros planos, a ametista é considerada uma pedra de meditação por excelência. No terreno físico é aplicada em casos de alcoolismo, dores de cabeça, enxaquecas, insônia, daltonismo, impurezas no sangue e doenças venéreas, combate também dores de qualquer espécie. No nível psicológico, auxilia a reorganização mental de pacientes e elimina o medo, a raiva e a ansiedade, é eficaz também quanto a distúrbios de polaridade sexual. No nível sutil, proporciona o sentimento de transmutação a graus superiores, incentiva a humanidade, o altruísmo em prol da coletividade. Traz muita proteção, coragem, tranquilidade e felicidade.

            Razões para crer – Razões do Percio expostas no seu blog já referido
            Caso 01 – Em 1989 Percio sentiu forte latejamento no dedo e sensação de azedo ao contatar uma zircônia cúbica de um par de brincos. Depois testou novamente os brincos e nada mais sentiu.
            Caso 02 – Locação de uma obsediana no Museu de Geologia dando azar e provocando acontecimentos desastrosos.
            Caso 03 – Uma senhora solicitou ao Percio para que ele indicasse uma drusa para ela comprar e levar de presente para a filha. Ele ouviu uma “vozinha interior”  recomendando-o a escolher uma das cinco drusas disponibilizadas.
            Como explicar estas ocorrências independentemente de pretensas forças energéticas dos cristais?
            Caso 01 – Como o fenômeno não mais se repetiu, para tratar-se de efeito da zircônia ter-se-ia que admitir uma geração descontinua de energia ou uma geração meramente ocasional de energia. Isto porem é inadmissível no âmbito da ciência física.
            O que pode ter acontecido, foi uma extrema sensibilização do Percio, induzindo seu subconsciente e provocando falsas sensações conscientes. Fisicamente nada teria ocorrido, apenas o cérebro passou a admitir que ele sentisse o latejamento e a sensação de azedo. Algo raro, por isso nunca mais se repetiu com ele.
            Caso 02 – Energia de cristal causando azar e, mais que isto, provocando desastres em diversas pessoas não encontra a mínima sustentação racional. A concepção mais simples, lógica e inteligente é a que diz respeito a meras coincidências. Coincidências são por demais frequentes nos diversos campos dos acontecimentos. Às vezes por elas serem surpreendentes deixam de ser consideradas como verdadeiras e buscam-se outras explicações que, no entanto, são fictícias.
            Caso 03 – Para a situação ocorrida devemos colocar em evidência quem é o Percio e o que ele mesmo pensa de si.
            Ora, Percio é um mineralogista de elevada excelência, bastante experiente e reconhecido pela coletividade geológica como um profissional exemplar e dono de um riquíssimo currículo. Apesar de não ser vaidoso, ele mesmo sabe muito bem de seus ótimos predicados.
            Quando a senhora solicitou para o Percio escolher uma das cinco drusas, ele examinou-as atentamente diversas vezes e por serem extremamente semelhantes, ele não encontrou no âmbito de toda sua sabedoria, por mais que procurasse, um critério plausível para a escolha. No fundo de seu raciocínio ele julgou que em hipótese nenhuma ele poderia decepcionar aquela senhora, dizendo para ela levar qualquer uma das drusas, pois ele não sabia diferençá-las.
            Sua personalidade de mineralogista exímio ficou abusivamente atormentada. Houve então uma perturbação mental tamanha que ocasionou a geração de um sentido algo alucinatório que o fez pensar que estava ouvindo uma vozinha – vozinha esta existente tão somente na fértil imaginação do Percio.

            Quanto ao vídeo indicado no blog, é claramente uma interessante representação brincalhona.

            Conclusão – Por haver ausência de razões lógicas e de evidências comprovadas, mantenho-me descrente na propalada energia e no pretenso poder dos cristais. Será o futuro capaz de contestar-me?