sábado, 1 de janeiro de 2011

NÃO GOSTO MUITO DO SENADOR MAGNO MALTA


Confesso que não gosto muito do senador Magno Malta. Aprendi a não gostar quando ele foi incluído na lista dos acusados de pertencer à chamada Máfia das Ambulâncias, uma turminha que desviava para o próprio bolso dinheiro que deveria ser usado para comprar ambulâncias. Ele foi absolvido, é verdade, mas não porque se provou sua inocência, e sim por falta de provas.

Passei a gostar um pouco menos dele quando soube que seu atual partido é a quinta legenda à qual ele se filiou.

Quando fiquei sabendo que o senador Malta era presidente da CPI da Pedofilia, meu conceito sobre ele melhorou um pouco, mas sempre fiquei desconfiado que ele pudesse estar lá só por interesse político. Não sei se é o caso. Sei que foi acusado de fazer turismo com dinheiro público, esticando até Dubai viagem que fez à Índia para participar de evento sobre pornografia infantil. A CPI encerrou seus trabalhos em dezembro, levantou suspeitas sobre muita gente, mas não condenou ninguém.

Na edição de 01.12.2010, a revista Veja publicou uma minientrevista com Magno Malta. Foram apenas nove perguntas, mas bastaram para que minha opinião sobre o senador oscilasse fortemente.

Na primeira delas, passei a gostar bem menos dele, pois soube que ele apresentou uma proposta estendendo o direito de voto aos analfabetos. Passei a gostar ainda menos ao saber, na segunda pergunta, que seu partido, o PR, (seu quinto partido, lembram ?) é o mesmo do Tiririca. Impossível não ligar sua proposta ao analfabetismo de Tiririca.

Mas, aí, já na terceira resposta que deu, ele afirmou que quer o voto para os analfabetos porque a lei atual é injusta e disse textualmente: Lula é semianalfabeto, por exemplo.

Achei uma atitude corajosa do senador dizer aquilo assim, com toda as letras. Não sei se ele faria a mesma coisa em outra época, quando Lula estivesse longe de deixar o poder. Por outro lado, porém, convém lembrar que Malta é do PR e o PR é o partido de José de Alencar, até 31 de dezembro o vice-presidente da República, superfiel a Lula.

Perguntou-se, a seguir, ao senador se uma pessoa analfabeta e sem conhecimento das leis (caso do Tiririca) pode trabalhar como deputado e ele foi franco: [Sim], desde que tenha sentimento, coração... Você pensa que senador escreve projeto ? É um assessor. Ponto para o senador ! Parabéns pela franqueza !

Já no fim da entrevista, Magno Malta disse outra frase que me surpreendeu, esta para valer. Disse ele: O problema do Congresso não são os analfabetos, são os sabidos demais.

Pois não é que ele tem razão ? Se Tiririca é um cara honesto e bem intencionado, contrata alguns bons assessores (dinheiro para isso não lhe faltará), dá as ideias, os assessores as colocam no papel e pronto, temos um bom deputado. (Isso, é claro, depois de ele pelo menos se alfabetizar.)

Com esses altos e baixos de sua biografia e de suas manifestações, Magno Malta deveria ter subido em meu conceito. E acho até que subiu. Mas, fiquei com uma pulga atrás da orelha... É que ele mostrou claramente, com essa entrevista, que não pertence ao grupo dos analfabetos, mas sim ao dos sabidos demais....