segunda-feira, 20 de agosto de 2018

ANTROPÔNIMOS PRECIOSOS


              Antropônimos, para quem não sabe, são os nomes dados a pessoas (João, Maria, etc.).
É bem sabido que os brasileiros são campeões na criação desses nomes, não só combinando os nomes dos pais, como também reproduzindo (geralmente mal) nomes de pessoas famosas.  A fama de Michael Jackson fez surgir centenas ou milhares de brasileiros com o nome Máicon, quando deveria ser Michael ou, pelo menos, Máicol. Achar um nome para o filho combinando os nomes dos pais geralmente dá maus resultados, mas nem sempre. Tenho uma sobrinha chamada Juliana porque seus pais são o Júlio e a Ana. E uma prima tem o belo nome Anileda, que é o nome de sua avó Adelina de trás para diante.  
Mas, quero aqui falar é dos antropônimos que são nomes de pedras preciosas ou outras gemas. Não conheço pessoalmente nenhuma mulher chamada Esmeralda, mas em obras de ficção já encontrei mais de uma, assim como já encontrei mulheres chamadas Ágata. E aos que lembraram agora de Agatha Christie lembro que ágata em inglês é agate, não agatha.
Ainda falando de nomes femininos, conheci uma Pérola, filha de uma amiga de infância.
Se as gemas dão nomes às pessoas, o inverso também pode ocorrer. Larimar é uma gema até hoje só encontrada na República Dominicana e que recebeu este nome porque tem a cor azul, como pode ser a cor do mar, e porque a filha de um de seus descobridores se chamava Larissa.
Não encontrei ainda nenhuma mulher chamada Ametista, Opala ou Safira, mas não duvido que elas existem.
Embora menos numerosos, também há antropônimos masculinos que são nomes de gemas, como Rubi, um amigo do meu tempo de estudante; Ivory (marfim em inglês), nome de um conhecido que trabalhava com um parente meu e Ônix, nome de um político gaúcho (Ônix Lorenzoni). Mas, o mais significativo e mais importante para mim é Heliodoro. Este era o nome do meu pai, falecido em 1967, quando eu havia concluído apenas o primeiro semestre do curso de Geologia e ainda não sabia que existia uma pedra preciosa com seu nome.

Heliodoro (que significa presente do Sol) é a variedade amarela do mineral chamado berilo (a verde é a esmeralda e a azul é a água-marinha). Não pude dar ao meu pai um cristal de heliodoro de presente, mas fiz isso, de modo simbólico, em 2010. Naquele ano, por sugestão minha, fizemos um grande encontro da família Moraes Branco em Lagoa Vermelha (RS), onde ela se instalou em 1860 e onde sempre teve, desde então, pelo menos alguns representantes. Nesse encontro, que foi chamado de I Revoada da Família Moraes Branco dei a cada ramo da família presente uma chapa de ágata polida com os dizeres I Revoada da Família Moraes Branco – EU COMPARECI – Lagoa Vermelha, 31.10.2010. Em homenagem a meu pai, mandei gravar, em outra ágata, bem maior, as palavras HELIODORO MORAES BRANCO – MUITO PRESENTE! e nela colei um cristal de heliodoro com 5 cm de comprimento. 


Por fim, é preciso lembrar um equívoco que se generalizou por influência da televisão. A TV Globo exibiu uma novela em que uma das personagens chamava-se Jade. Isso levou muitos pais brasileiros a assim batizarem uma filha. Mas, jade, meus amigos, é nome masculino, não feminino.  A moda pegou e agora acho difícil que algum menino brasileiro venha a ser batizado como Jade, embora eu tenha conhecido, uns quarenta anos atrás, um Jades.
Antônio Houaiss informa, em seu dicionário, que existe o sinônimo jada, que eu nunca vi ser usado. Uma opção para os pais que querem chamar a filha de Jade poderia ser Jadeíta, que é o nome do mais valioso dos dois tipos de jade (o outro é a nefrita).