sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A TURMALINA PARAÍBA





            A novela Flor do Caribe tornou conhecida de milhões de brasileiros uma gema da qual pouca gente ouvira falar até então, a turmalina Paraíba. Isso não é de estranhar, porque a principal característica dessa gema é a raridade.

            Para início de conversa, a turmalina Paraíba só se tornou conhecida em 1989, quando foi descoberta na Paraíba (daí seu nome), na localidade de São José da Batalha, município de Salgadinho. Nos anos seguintes, foi descoberta também no Rio Grande do Norte (a divisa com a Paraíba fica bem perto de São José da Batalha), em dois locais do município de Parelhas.

          
              Após mais algum tempo, descobriu-se que havia turmalina Paraíba também na África, na Nigéria e em Moçambique. E só. Por enquanto, é o que se sabe em termos de ocorrência, e com um agravante: as jazidas brasileiras estão esgotadas e as africanas, até onde eu sei, também estão acabando. O que me deixa desolado; são cada vez mais remotas as chances de eu ter uma turmalina Paraíba na minha coleção de gemas...

        Existem turmalinas azuis (indicolita), verdes (verdelita), rosa, vermelhas (rubelita), incolores (acroíta) e pretas (schorlita).  Os cristais de turmalina são prismáticos ou colunares e muitas vezes mostram metade com uma cor e a outra metade com cor diferente. Outras vezes são três as cores, uma em cada ponta e uma terceira no centro do cristal. Mas, tem mais: alguns cristais são verdes externamente e vermelhos no centro (turmalina-melancia). Com toda essa profusão de cores, o que menos se esperava era a descoberta de uma turmalina de cor diferente de todas as conhecidas. Pois a turmalina Paraíba surpreendeu exatamente por isso, com uma cor azul muito diferente, que vem sendo chamada de azul elétrico, azul néon ou azul fluorescente. Pode também ser verde ou verde-azulada, mas também em matizes diferentes daquele da verdelita ou da indicolita.

        Mas, não são só a escassa distribuição geográfica e a cor inusitada que tornam essa gema rara. Contribui também para sua raridade o fato de raramente aparecer com boa transparência, tendo geralmente abundantes fissuras. Além disso, forma cristais pequenos: a grande maioria deles pesa menos de um grama e o maior cristal com qualidade gemológica encontrado até hoje tinha apenas vinte gramas.


            Com tudo isso, não é de se admirar que a turmalina Paraíba seja uma gema tão cara. Para se ter uma ideia, gemas lapidadas pesando entre 5 e 10 quilates (1 a 2 gramas), de excelente qualidade custam até 120 dólares por quilate se foram turmalinas comuns de cor rosa; até 200 dólares por quilate se forem verde a verde-azuladas; até 300 dólares se forem vermelhas e até 350 dólares se tiverem cor azul. Já as turmalinas Paraíba verde néon de mesma faixa de peso e mesma qualidade (excelente) valem até 10.000 dólares por quilate e as de cor azul-néon podem atingir 20.000 dólares o quilate. Se tiverem 10 quilates, o preço dispara para 35.000 dólares por quilate. Lembremos que são necessários cinco quilates para totalizar apenas um grama...


          Na novela Flor do Caribe, antes de descobrirem as turmalinas, Cassiano e Duque encontraram, na mina, um veio de cobre.  As jazidas brasileiras não têm esse veio, mas ele não chega a ser um absurdo geológico, já que o que dá a cor verde e azul à turmalina Paraíba é a presença de pequena porcentagem daquele metal (até 1,92%). Se houver também manganês, com pouco cobre, a turmalina Paraíba fica violeta. 

            As duas primeiras fotos são de Marcelo Lerner e estão no excelente livro Minerais e Pedras Preciosas do Brasil, dos meus amigos Andrea Bartorelli e Carlos Cornejo, onde os interessados podem encontrar informações adicionais sobre a mais valiosa turmalina brasileira.  A segunda é uma turmalina da coleção de Luiz Alberto Dias Menezes.
            A ultima foto são anéis da griffe Yael.