terça-feira, 9 de julho de 2024

UMA FRAUDE SURPREENDENTE

A criatividade dos fraudadores não tem limites. Quem trabalha com gemas sabe muito bem disso. Mesmo assim, às vezes a gente ainda se surpreende. 

O video mostra uma gema que eu não teria a menor dúvida em afirmar que é um diamante bruto.  Pois o gemólogo Felipe C. Pereira, que fez o vídeo, analisou-a e descobriu que é uma moissanita.



A moissanita é a melhor imitação de diamante que existe atualmente e é produzida em laboratório. Pois  pegaram uma moissanita e lapidaram de modo a lhe dar a aparência de um diamante bruto!  Já viram isso, lapidar uma gema para que fique parecendo que ela está no estado bruto?

Obrigado, Felipe, por esta aula. 


sábado, 25 de maio de 2024

A OBSIDIANA

             A lava vulcânica, ao resfriar, solidifica e forma uma rocha, ou seja, um agregado de minerais composto de grãos cristalinos de formato e tamanho variáveis.

A rocha assim formada poderá ser basalto, andesito, riolito, etc., dependendo da composição do material em fusão que saiu do interior da crosta terrestre.  O tamanho dos seus grãos por sua vez, dependerá da velocidade de resfriamento da lava. Quanto mais lento ele for, para uma dada pressão, maiores serão os cristais.  

Se o resfriamento for muito rápido, em vez de se formar grãos de minerais, a lava gera um vidro natural, que difere dos cristais fundamentalmente por não ser formado por um arranjo ordenado de átomos, ou seja, por não ter estrutura cristalina.

A obsidiana é um desses vidros naturais, relativamente fácil de ser reconhecida por ter brilho vítreo, uma fratura conchoidal bem pronunciada e cor escura.  Essa cor usualmente é preta, mas pode ser verde, cinza, marrom, amarelada ou vermelha (obsidiana Mahogany)

A composição química da obsidiana corresponde aproximadamente à do riolito, possuindo 66% a 77% de sílica, 13 % a 18% de alumina, além de água e óxidos diversos.

Em razão de seu brilho e translucidez, ela é usada como gema há mais de 5.000 anos, e é hoje empregada na forma de cabuchões, gemas facetadas, camafeus e entalhes.  A obsidiana procedente do México (Querétaro e Hidalgo) é a preferida para isso.

Abaixo, uma obsidiana típica, medindo 9 x 2 x 6,5 cm. 

Outros países produtores são Geórgia, Itália, Estados Unidos, Hungria, Nova Zelândia e Rússia. No Brasil, pode-se encontrar obsidiana preta nos basaltos do Sul do país. No Rio Grande do Sul, já a encontrei, por exemplo, no Itaimbezinho, Nova Bréscia e Barracão. A ocorrência deste último município prolonga-se além do rio Uruguai, ao longo da BR-470 aparecendo também em Campos Novos, no estado de Santa Catarina.

Testes de polimento feitos, a nosso pedido, com material procedente dessa ocorrência mostraram que a obsidiana tem uma boa resistência física, mas não adquire bom brilho por ser porosa. Como os vidros fabricados, a obsidiana não tem dureza alta (5,0 a 5,5), o que também contribui para um brilho pouco intenso. Mas, meu amigo Osvaldino Rosa coletou amostras de obsidiana em Lagoa Vermelha (RS) e mandou-as lapidar, obtendo excelente resultado (uma gema facetada de 15 x 10 x 5 mm e um cabuchão de 17 x 13 x 7 mm).


No Estados Unidos, em Utah, ocorre uma bela obsidiana preta com porções claras de cristobalita. Ela é facilmente encontrada no mercado brasileiro, onde é chamada de obsidiana floco-de-neve e obsidiana nevada. Abaixo, uma amostra dela, com 11 x 11 x 8 cm.



Na Geórgia, são extraídos blocos enormes de obsidiana preta.


Outra bela obsidiana é a Mahogany, com cores avermelhadas, como a que e vê abaixo, com 9 x 8 x 8 cm. A de cor verde, não sei de onde provém. 


Fotos: Pércio M. Branco, exceto a antepenúltima, obtida no Facebook, Lovely Cats.

Peças da Coleção Percio M. Branco, exceto a última, que pertence ao acervo do Museu de Geologia da CPRM.