A lava vulcânica, ao resfriar, solidifica e forma uma rocha, ou seja, um agregado de minerais composto de grãos cristalinos de formato e tamanho variáveis.
A rocha assim formada poderá ser
basalto, andesito, riolito, etc., dependendo da composição do material em fusão
que saiu do interior da crosta terrestre.
O tamanho dos seus grãos por sua vez, dependerá da velocidade de
resfriamento da lava. Quanto mais lento ele for, para uma dada pressão, maiores
serão os cristais.
Se o resfriamento for muito rápido, em
vez de se formar grãos de minerais, a lava gera um vidro natural, que difere dos cristais fundamentalmente por não
ser formado por um arranjo ordenado de átomos, ou seja, por não ter estrutura
cristalina.
A obsidiana
é um desses vidros naturais, relativamente fácil de ser reconhecida por ter
brilho vítreo, uma fratura conchoidal bem pronunciada e cor escura. Essa cor usualmente é preta, mas pode ser
verde, cinza, marrom, amarelada ou vermelha (obsidiana Mahogany)
A composição química da obsidiana
corresponde aproximadamente à do riolito,
possuindo 66% a 77% de sílica, 13 % a 18% de alumina, além de água e óxidos
diversos.
Em razão de
seu brilho e translucidez, ela é usada como gema há mais de 5.000 anos, e é
hoje empregada na forma de cabuchões, gemas facetadas, camafeus e
entalhes. A obsidiana procedente do México
(Querétaro e Hidalgo) é a preferida para isso.
Abaixo, uma obsidiana típica, medindo 9 x 2 x 6,5 cm.
Outros países produtores são Geórgia, Itália, Estados Unidos, Hungria, Nova Zelândia e Rússia. No Brasil, pode-se encontrar obsidiana preta nos basaltos do Sul do país. No Rio Grande do Sul, já a encontrei, por exemplo, no Itaimbezinho, Nova Bréscia e Barracão. A ocorrência deste último município prolonga-se além do rio Uruguai, ao longo da BR-470 aparecendo também em Campos Novos, no estado de Santa Catarina.
Testes de polimento feitos, a nosso pedido, com material procedente dessa ocorrência mostraram que a obsidiana tem uma boa resistência física, mas não adquire bom brilho por ser porosa. Como os vidros fabricados, a obsidiana não tem dureza alta (5,0 a 5,5), o que também contribui para um brilho pouco intenso. Mas, meu amigo Osvaldino Rosa coletou amostras de obsidiana em Lagoa Vermelha (RS) e mandou-as lapidar, obtendo excelente resultado (uma gema facetada de 15 x 10 x 5 mm e um cabuchão de 17 x 13 x 7 mm).
No Estados Unidos, em Utah, ocorre uma bela obsidiana preta com porções claras de cristobalita. Ela é facilmente encontrada no mercado brasileiro, onde é chamada de obsidiana floco-de-neve e obsidiana nevada. Abaixo, uma amostra dela, com 11 x 11 x 8 cm.
Fotos: Pércio M. Branco, exceto a antepenúltima, obtida no Facebook, Lovely Cats.
Peças da Coleção Percio M. Branco, exceto a última, que pertence ao acervo do Museu de Geologia da CPRM.
O quinto parágrafo contém uma imprecisão. A composição citada corresponde à das obsidianas formadas a partir de magma riolítico, que são as mais comuns. Aquelas formadas a partir de magma basáltico terão composição mais pobre em sílica. Faltou, portanto, a palavra "geralmente" antes de "corresponde".
ResponderExcluirAgradeço aos colegas Luiz Fernando Albuquerque, que levantou o assunto e Wilson Wildner, especialista em rochas magmáticas, que confirmou a suspeita do Luiz Fernando.