domingo, 1 de fevereiro de 2015

SOBRE O ARTIGO “E A ENERGIA DOS CRISTAIS? MOTIVOS PARA CRER E DUVIDAR”.

                                   Análise recebida de meu amigo e colega GEÓL. MARIO FARINA, em 01.02.2015, e aqui reproduzida (com sua autorização) por ser extensa demais para aparecer na seção de comentários de um blog como este. 

            Li e reli atentamente o artigo. Depois consultei meus alfarrábios e procurei algo novo na Internet, sedimentando minhas ideias sobre o tema.
            O assunto é fascinante o que me motiva a opinar, apesar de eu não considerar-me um especialista no ramo.
            Tratando-se de “energia” cabe inicialmente distinguir os diversos tipos de energia dos cristais e os efeitos correspondentes produzidos em cada caso. Eis, sumariamente, os principais:
            - Cristais de minerais radioativos possuem energia pertinente à radioatividade;
            - Cristais de quartzo apresentam piezoeletricidade, podendo gerar efeito de corrente elétrica. Têm, pois, energia piezoelétrica;
            - Cristais de minerais magnéticos têm energia magnética, denotando força de atração especialmente sobre objetos de ferro;
            - Cristais de minerais fluorescentes (tais como flourita, scheelita e opala) quando devidamente estimulados por luz ultravioleta, raio-X, ou luz infravermelha emitem energia luminescente; e
            - Todo e qualquer cristal por ser constituído de átomos e diversas partículas subatômicas possui energia, denotada principalmente pelos movimentos constantes de tais partículas. Isto é uma fenomenologia implícita da própria matéria. Em circunstâncias especiais surgem a energia nuclear, a quântica, etc.
            Em todos esses casos os cristais têm energia, sendo, pois, evidentemente energéticos, mas seguramente não exercem efeitos sobre a saúde e o comportamento humano.
            Agora vamos discutir se os cristais possuem outra energia que atuando sobre os corpos humanos física ou mentalmente e também sobre os ambientes em que as pessoas convivem, possam provocar alterações, exercendo efeitos benéficos na saúde, nos comportamentos e até mesmo em variada gama de acontecimentos futuros. Isto seria o que alguns denominam de “poder dos cristais”.Há sérias duvidas se esta energia existe ou seja mera especulação. Veremos!
            Os crentes ou aficionados de tais benefícios costumam alinhar imensa e variada gama de males em que a energia dos cristais atua e beneficia, tais como: cálculos nos rins e na vesícula, enxaqueca, dores de coluna, artrite, reumatismo, gota, bronquite, diabetes, prisão de ventre, insônia, alergias, afecções oculares, esgotamento nervoso e amigdalite – e deve ter mais – caracterizando autêntica panaceia, ou seja, remédio para todos os males.
            Os mesmos adeptos são pródigos em atestar benefícios dessa mesma energia dos cristais em inúmeros e variados casos, com destaque para: incremento da autoestima, acréscimo da energia positiva nos relacionamentos interpessoais, promoção da autoconfiança, da gentileza e da simpatia, atração de riqueza e amor, harmonização de ambientes, combate a tristeza, proteção contra ladrões (!), aceleração da evolução espiritual e acentuação das sensibilidades e percepções intuitivas.
            Quanto às metodologias recomendadas para utilização dos cristais, destacam-se: colocação dos cristais sobre os órgãos afetados, manter os cristais nos bolsos das vestes, beber a água onde os cristais devem ser previamente mergulhados (denominado elixir de cristais), usar cristais em formas de pirâmides, e colocação sob travesseiros.
            Vejamos agora as circunstâncias envolvidas no trato com as propaladas energias dos cristais e seus anunciados poderes em beneficiar os humanos.
            - Agentes dos procedimentos:
a) Bastantes frequentes: mágicos, curandeiros, magos e xamãs.
b) Esporádicos: charlatões, embusteiros e espertalhões.
c) Raros: curiosos e experimentadores
d) Muito raros: cientistas
            Sendo este ranking verdadeiro, e tudo indica que seja, ele não indica favorabilidade para a crença para que os cristais possam operar beneficamente para a saúde e para o comportamento humano.
            - Locais dos procedimentos – As instalações dos curandeiros, magos e xamãs representam as mais frequentes. Em alguns casos são utilizados palcos para shows e raramente domicílios particulares.
Interessante observar que em hospitais e laboratórios de saúde não existem instalações para tratamentos por cristais – nem no Brasil nem no exterior. Este fato contribui para a descrença na efetividade da denominada cristaloterapia.
            Cristais utilizados – A lista das espécies minerais é grande e variada, mas algumas parecem ser preferidas, tais como: quartzo (cristal de rocha, ametista e citrino), calcita e opala. São geralmente escolhidos cristais bem formados e com tamanhos razoáveis. É intrigante constatar que rochas, como regra, não são utilizadas, apesar de conterem os mesmos minerais habituais na cristaloterapia. Não são conhecidos usos, por exemplo, de riolitos que contêm diminutos cristais de feldspato, nem tão pouco de basaltos que contêm pequeninos cristais de piroxênio. Então, as amostras escolhidas para uso parecem que necessitam bem impressionar aos olhos, independentemente de suas constituições mineralógicas.
            Ao consultarem-se na Internet as listas de minerais recomendados acompanhados de seus significados e de seus pretensos poderes constata-se que em vários casos não há coincidências nos tipos de benefícios atribuídos ao mesmo mineral. Isto faz lembrar as previsões de horóscopos que as vezes diferem de jornal para jornal ou de astrólogo para astrólogo. Esta diferença do prometido beneficio para o mesmo mineral é fator de descrença na validade da cristaloterapia.
             - Depoimentos – Ignoramos depoimentos de instituições cientificas ou medicas, atestando poderes terapêuticos aos cristais. Algumas pessoas, no entanto, se dizem beneficiadas ou mesmo curadas de certos males. Isto efetivamente pode ocorrer, mas em função apenas de reações naturais dos organismos ou até mesmo como fruto de expectativas otimistas, baseadas em autossugestão ou pensamento positivo, não necessitando de emanações energéticas de cristais para as curas.
            - Existência de provas cientificas – Provas confiáveis são absolutamente desconhecidas.
            - Contexto espalhafatoso – O espalhafato é relativamente comum aos aficionados dos poderes benéficos dos cristais, como para o caso da ametista, onde é divulgado assim:
            “... seu significado “não bêbado” se devia a suposta faculdade dessa pedra de manter sóbrios os consumidores de vinho mesmo se cometessem excessos. A propósito a bebida era servida em recipientes de ametista, pratica que persistiu até a Idade Média. Como a cor da pedra se confunde com a do vinho tinto seu uso permitia que os consumidores já entrando em estados alterados não percebessem quando o vinho estava sendo aguado ou mesmo substituído por água. Atributos modernos da ametista: munida da cor especifica do chacra coronário, um dos veículos energéticos de contato com outros planos, a ametista é considerada uma pedra de meditação por excelência. No terreno físico é aplicada em casos de alcoolismo, dores de cabeça, enxaquecas, insônia, daltonismo, impurezas no sangue e doenças venéreas, combate também dores de qualquer espécie. No nível psicológico, auxilia a reorganização mental de pacientes e elimina o medo, a raiva e a ansiedade, é eficaz também quanto a distúrbios de polaridade sexual. No nível sutil, proporciona o sentimento de transmutação a graus superiores, incentiva a humanidade, o altruísmo em prol da coletividade. Traz muita proteção, coragem, tranquilidade e felicidade.

            Razões para crer – Razões do Percio expostas no seu blog já referido
            Caso 01 – Em 1989 Percio sentiu forte latejamento no dedo e sensação de azedo ao contatar uma zircônia cúbica de um par de brincos. Depois testou novamente os brincos e nada mais sentiu.
            Caso 02 – Locação de uma obsediana no Museu de Geologia dando azar e provocando acontecimentos desastrosos.
            Caso 03 – Uma senhora solicitou ao Percio para que ele indicasse uma drusa para ela comprar e levar de presente para a filha. Ele ouviu uma “vozinha interior”  recomendando-o a escolher uma das cinco drusas disponibilizadas.
            Como explicar estas ocorrências independentemente de pretensas forças energéticas dos cristais?
            Caso 01 – Como o fenômeno não mais se repetiu, para tratar-se de efeito da zircônia ter-se-ia que admitir uma geração descontinua de energia ou uma geração meramente ocasional de energia. Isto porem é inadmissível no âmbito da ciência física.
            O que pode ter acontecido, foi uma extrema sensibilização do Percio, induzindo seu subconsciente e provocando falsas sensações conscientes. Fisicamente nada teria ocorrido, apenas o cérebro passou a admitir que ele sentisse o latejamento e a sensação de azedo. Algo raro, por isso nunca mais se repetiu com ele.
            Caso 02 – Energia de cristal causando azar e, mais que isto, provocando desastres em diversas pessoas não encontra a mínima sustentação racional. A concepção mais simples, lógica e inteligente é a que diz respeito a meras coincidências. Coincidências são por demais frequentes nos diversos campos dos acontecimentos. Às vezes por elas serem surpreendentes deixam de ser consideradas como verdadeiras e buscam-se outras explicações que, no entanto, são fictícias.
            Caso 03 – Para a situação ocorrida devemos colocar em evidência quem é o Percio e o que ele mesmo pensa de si.
            Ora, Percio é um mineralogista de elevada excelência, bastante experiente e reconhecido pela coletividade geológica como um profissional exemplar e dono de um riquíssimo currículo. Apesar de não ser vaidoso, ele mesmo sabe muito bem de seus ótimos predicados.
            Quando a senhora solicitou para o Percio escolher uma das cinco drusas, ele examinou-as atentamente diversas vezes e por serem extremamente semelhantes, ele não encontrou no âmbito de toda sua sabedoria, por mais que procurasse, um critério plausível para a escolha. No fundo de seu raciocínio ele julgou que em hipótese nenhuma ele poderia decepcionar aquela senhora, dizendo para ela levar qualquer uma das drusas, pois ele não sabia diferençá-las.
            Sua personalidade de mineralogista exímio ficou abusivamente atormentada. Houve então uma perturbação mental tamanha que ocasionou a geração de um sentido algo alucinatório que o fez pensar que estava ouvindo uma vozinha – vozinha esta existente tão somente na fértil imaginação do Percio.

            Quanto ao vídeo indicado no blog, é claramente uma interessante representação brincalhona.

            Conclusão – Por haver ausência de razões lógicas e de evidências comprovadas, mantenho-me descrente na propalada energia e no pretenso poder dos cristais. Será o futuro capaz de contestar-me?


3 comentários:

  1. Meu caro Farina
    Muitíssimo obrigado por seu retorno e pela cuidadoso trabalho que fez para comentar meu artigo.

    Várias pessoas já me disseram não ter conseguido postar comentários no próprio blog, Por isso o fazem através de e-mail ou no Facebook.

    Com relação à história da obsidiana, pode ter sido, sem dúvida, mera coincidência, e nunca descartei essa possibilidade.

    No caso da estranha sensação ao tocar o cristal de zircônia, aquele caso não foi único; como eu conto no próprio artigo, houve uma segunda situação, bem diferente em que tive a mesma sensação. E houve uma terceira, que não relatei porque envolvia outro objeto, não cristais.

    Com relação à escolha da drusa, sua opinião é respeitável e interessante. Mas, eu estava muito tranquilo na hora de atender aquela senhora e acho que não me sentiria constrangido de dizer que para mim eram todas iguais e que qualquer uma seria uma boa escolha.

    Por fim, quanto ao vídeo: não, não me parece que tenha sido uma brincadeira. Mas, posso estar engando. Talvez o guri seja um ator muito bom.

    Obrigado por seus elogios e, mais uma vez, pela atenção que dispensou ao meu texto.

    Um grande abraço.

    Pércio

    ResponderExcluir
  2. Primeiramente quero parabenizar o Sr. Pércio pelo blog que eu sempre acompanho e gosto muito...
    O texto é bem escrito, porém não engloba uma visão da totalidade e das possibilidades. Primeiro, nós não podemos nos basear simplesmente no que a ciência de HOJE nos possibilita comprovar e entender, pois há cento e vinte anos atrás, a ciência não poderia comprovar a existência da emissão de radioatividade, logo quem afirmasse algo a respeito disso seria tachado de louco ou charlatão. Não podemos considerar que pelo simples fato da ciência não conseguir comprovar, quer dizer que algo não exista!
    Segundo, hoje em dia a medicina já reconhece a acupuntura como prática médica; e são as mesmas "energias" que estamos falando, ou seja, aquelas que os atuais cientistas ainda não conseguem explicar. Terceiro, já existem pesquisas científicas de universidades comprovando a eficácia do Reiki, do qual também faz uso de "energia" liberada pelas mãos. Acho que devemos ter bom senso na hora de analisar as coisas e afirmar sobre elas. Não sou adepto de se acreditar em tudo, mas também não sou adepto de desacreditar em tudo também. Abraços.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Concordo com você. Não é fácil reduzir esse assunto a poucos tópicos e, como eu escrevi, muitas coisas que eram consideradas superstição hoje são comprovadas pela ciência. É preciso ter a mente aberta. Por isso minha posição de cautela (Ou em cima do muro, se preferirem).

      Excluir