Quem vai à praia da Joaquina, em Florianópólis, pode ter uma aula grátis
de Geologia sem mestre.
Existem, no local, duas rochas bem diferentes. A que predomina é um granito rosa, Os geólogos da CPRM que
mapearam a região (sou um deles) lhe deram o nome de Granito Ilha, por ser o
que predomina na ilha de Santa Catarina. É uma rocha composta principalmente de
feldspato alcalino (que lhe dá a cor rosa) e quartzo (incolor). Este granito
tem cerca de 500 milhões de anos de idade.
A outra rocha, cinza-escura, é um diabásio
de apenas 130 milhões de anos, composto, como todo diabásio, principalmente de plagioclásio (um
outro tipo de feldspato) e piroxênio. Esses minerais ocorrem em grãos tão pequenos
que não podem ser vistos a olho nu (é por isso, classificado como rocha afanítica, ao contrário do granito, que
é fanerítico). Essa diferença deve-se
à velocidade de resfriamento dos magmas a partir dos quais foram formados. O
magma granítico resfria muito mais lentamente.
Este diabásio forma faixas escuras no granito porque se formou em
fraturas que existiam neste último. Essas faixas, que os geólogos chamam de diques, são comuns no litoral catarinense,
onde costumam ter a direção Nordeste-Sudoeste, mais precisamente N30ºE.
O granito forma-se a muitos quilômetros de profundidade (aparece hoje
porque a erosão removeu o que havia sobre ele); o diabásio, poucos quilômetros
apenas abaixo da superfície.
Nota-se claramente também que o diabásio é muito fraturado, com fraturas
paralelas entre si e perpendiculares à direção do dique. Isso é comum em
diques.
Essas fraturas e a composição mineralógica tornam a rocha escura menos
resistente à erosão, É por isso que ela aparece rebaixada em relação ao
granito.
Olá Pércio, sou o Ricardo, de Porto Alegre, que comentei no post sobre Torres deste mesmo ano, 2015. Lá eu havia dito que além de Torres, meu destino favorito no verão é SC, mais especificamente, a praia da Pinheira, em Palhoça. Pelo que tu descreveste aqui, aliado as minhas observações nas trilhas que já fiz entre a Pinheira de Cima até a de baixo e até a Guarda do Embaú, as rochas que compõe essa região seriam as mesmas da Joaquina, isto é, Diabásio e Granito? Obrigado e um abraço!
ResponderExcluirE interessante, visualmente (por favor Pércio, me corrija se eu estiver falando bobagem, lembrando que sou um leigo apaixonado pelo assunto)o Diabásio se parece (reitero, visualmente) com o Basalto. Sei que este último é resultado do resfriamento magmático extrusivo, enquanto o Diabásio é intrusivo.
ResponderExcluirRicardo, ali na Pinheira aparece o mesmo granito que se vê na ilha de Santa Catarina. Essa porção oriental de S Catarina tem muitos diques de diabásio, quase sempre de direção Nordeste-Sudeste. Então deve ser mesmo diabásio a rocha escura que você viu.
ResponderExcluirSim o diabásio é intrusivo, com a mesma comppoição mineralógica do baaalto. Ao contrário do basalto, não mostra cavidades.É preto, enquanto os nossos basaltos podem ser cinza, cinza-esverdeados.
Na praia de Estaleirinho, Balneário Camboriú, tem um tipo de ocorrência que parece ser diabásio intruso entre o granito, mas quase todas em formato esférico, geóide e não em formato de Dick. Saberia dizer que tipo de formação é?
ResponderExcluirSeriam xenólitos?
ExcluirLuiz, podem ser xenólitos. Se for diabásio, deve ter cor preta homogênea e sem brilho. Xenólitos são mais irregulares e podem ser meio cintilantes por causa da mica.
ResponderExcluirDiques de diabásio são comuns no litoral catarinense.
Desculpe só ter lido sua mensagem hoje. Eu não sabia como acessar os comentários sem abrir cada uma das postagens.