Não tenho vontade de conhecer a Índia. Sei que há coisas
muito interessantes a ver lá, interessa-me sua história, admiro certos aspectos
do seu desenvolvimento, mas há destinos muito mais atraentes para mim que
aquele país.
Isso me cria um problema: eu quero muito conhecer o Taj
Mahal e o Taj Mahal fica na Índia (em Agra, junto ao rio Yamuna). E o que eu
quero ver no Taj Mahal tem que ser visto lá, não bastam fotos e vídeos. Daí por
que eu talvez acabe indo um dia à Índia.
O Taj Mahal (o nome significa coroa de palácios) é um mausoléu que o imperador Shah Jahan
mandou construir em 1632 para sepultar sua esposa favorita, Aryumand Banu Begam,
que ele chamava de Mumtaz Mahal, ou joia
do palácio e que morreu ao dar à luz o 14º filho. É considerado patrimônio
cultural da humanidade pela Unesco. É o mais conhecido monumento da Índia. É
uma das sete maravilhas do mundo moderno. É considerado a maior prova de
amor do mundo. É visitado por mais de 3 milhões de pessoas por ano. E é uma construção
feita em mármore branco, praticamente toda decorada com incrustações de pedras
preciosas, sendo a cúpula costurada com fios de ouro. E é essa a principal
razão de eu querer conhecê-lo.
Face sul do Taj Mahal (Foto: Wikipédia)
O trabalho, feito por 20.000 trabalhadores trazidos de
várias cidades do Oriente, e decorado por 37 artesãos principais, demorou mais
de vinte anos para ser concluído e é inigualável. Desenhos muito delicados são
feitos com pedaços de pedras preciosas de vários tamanhos, muitos deles
pequeníssimos, aplicados um a um, com um cuidado e um requinte incomparáveis. O
engaste das gemas no mármore é tão perfeito que só se vê a junção usando uma
lupa. Há uma flor de 7 cm2 que foi feita com 60 incrustações
diferentes!
E não se pense que são pedras preciosas comuns, não. O lápis-lazúli Shah Jahan mandou vir do
Afeganistão, que ainda hoje é o produtor do melhor lápis-lazúli do mundo. As safiras mandou vir do Sri Lanka (antigo
Ceilão), que também é uma das fontes das mais belas safiras do mundo ainda
hoje. Buscou jade na China. Turquesa, veio do Tibete. E quartzo, da China e da
península arábica. Um total de 28 gemas diferentes
foram utilizadas na obra.
Foi assim, com o melhor material possível e com artesãos
de técnicas primorosas que Shah Jahan homenageou sua amada Mumtaz Mahal.
Embora construído há 380 anos, a técnica usada no Taj
Mahal não se perdeu e hoje, em 2014, descendentes daqueles artesãos que o
decoraram continuam a usá-la produzindo peças que são vendidas aos turistas. Minha
nora, Cristiane Benvenuto Andrade, como que adivinhando meu dilema de querer
conhecer o Taj Mahal não querendo ir à Índia, lá esteve e me trouxe uma dessas
peças. E foi nela que eu vi que o grau
de detalhe do trabalho executado no Taj é muitíssimo superior ao que eu poderia
imaginar.
O presente que a Cris trouxe é um pratinho de mármore com
cerca de 18 cm de diâmetro, decorado com flores em cujas pétalas foram
utilizados lápis-lazúli, malaquita, cornalina e outras gemas.
Olhando mais de perto, é fácil identificar
a malaquita (verde), o lápis-lazúli (azul-escuro) e a cornalina (laranja). Não
sei que gema é a azul-claro e em alguns pontos, há um material de brilho
nacarado, que parece ser madrepérola.
Se eu nunca vier a conhecer o Taj Mahal, tudo bem. Já não
morrerei tão frustrado.
Fontes
consultadas:
Site oficial do Taj Mahal (www.tajmahal.gov.in).
Wikipédia em Português
(www.pt.wikipedia.org).
Faltou agradecer, mais uma vez, à Cristiane pelo lindo presente. Que aliás, não é o primeiro que ela dá para o gemólogo Pércio. Quando voltou da Tanzânia, onde esteve trabalhando como voluntária, trouxe-me uma linda tanzanita lapidada. A tanzanita é uma gema que até hoje só foi encontrada naquele país.
ResponderExcluirA gema azul-clara deve ser turquesa, lembra com razão a Jane, minha mulher e ex-aluna de Gemologia.
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