1. Brilhante não é uma pedra
preciosa
Embora muita gente fale em anel de brilhante, essa palavra não é nome de
uma pedra preciosa e sim de um estilo de lapidação. Como esse tipo de lapidação
é o que melhor ressalta a beleza do diamante, ele é o mais usado para essa gema
e, com isso, muitos fazem a confusão entre diamante e brilhante.
Há
diamantes que não são lapidados na forma de brilhante, assim como há gemas que não
são diamante e recebem lapidação brilhante.
Portanto,
se a pedra do seu anel, brincos ou outra joia for um diamante, diga que você
tem um anel ou brinco de diamante, não de brilhante.
Abaixo, figura mostrando como é um brilhante visto de perfil (abaixo) e de cima.
3. Rubi e safira são um mesmo
mineral
O
rubi e a safira são variedades de um mesmo mineral chamado coríndon. Rubi é o coríndon
de cor vermelha; safira é o coríndon com qualquer outra cor.
A
safira azul-escuro a púrpura é a mais valiosa, mas existem outras, com cores
como rosa, dourada e até incolor (leucossafira).
3. Esmeralda e água-marinha também
são um mesmo mineral
A
esmeralda e a água-marinha também são variedades de um mesmo mineral, neste
caso o berilo. Mas, aqui as diferenças vão além da cor: a esmeralda (verde) é
bem mais valiosa que a água-marinha (azul-claro a esverdeada). Além disso,
embora seja fácil obter uma água-marinha bem límpida, sem defeitos (os gemólogos
chamam os defeitos de inclusões), a esmeralda invariavelmente é cheia de
fissuras onde podem se alojar outras substâncias. Apenas em pedras muito
pequenas se deve esperar uma grande pureza.
4. A cor é o que mais valoriza
uma gema lapidada
Do
valor de uma gema lapidada, 50% devem-se à cor. Ela é a propriedade que mais
importa na avaliação de uma pedra preciosa. Em segundo lugar vem a pureza (30%)
e depois a qualidade da lapidação (20%).
Mesmo
no caso de diamantes incolores (como é a imensa maioria deles) a cor é fundamental
porque aquilo que para um leigo parece incolor, pode estar longe de sê-lo. Os
avaliadores de diamante conseguem definir cinco categorias de cor do aparentemente incolor ao absolutamente incolor.
5. O significado de quilate
Quando
se fala de gemas, a palavra quilate
nada tem a ver com qualidade. Ela é uma unidade de peso, que equivalente a 200
miligramas. Assim, uma pedra preciosa de 5 quilates pesa um grama.
A
confusão é fácil de entender porque quando se fala em ouro, aí, sim, quilate
tem a ver com a composição. As ligas de ouro podem ter 58,33% deste metal (ouro
14 K), 75% de ouro (ouro 18 K, ou ouro 750) ou 100% de ouro (ouro 24 K, ou ouro
1.000, que é o ouro puro).
Ouro
18 K é o mais usado em joias; ouro 24 K é o que se comercializa em barras e
lingotes.
6. O significado de dureza
Muita
gente pensa que substância dura é aquela difícil de quebrar. Isso não está
errado, mas quando se trata de pedras preciosas ou qualquer outro mineral, dureza
é a resistência que a pedra oferece quando se tenta riscá-la, não quebrá-la.
Um
exemplo clássico é o diamante, que é a substância mais dura que se conhecer.
Ele só pode ser riscado por outro diamante, mas é muito fácil de ser quebrado.
O
oposto ocorre com o jade, que não tem dureza muito alta (6,5 a 7,0 numa escala
de 1 a 10), mas é muito difícil de quebrar.
7. Não existe pedra semipreciosa
Embora
ainda seja comum no Brasil se ouvir falar em pedra semipreciosa, esqueça esse
nome. As pedras usadas para adorno pessoal são pedras preciosas, não importa se
são caras ou baratas.
Não
há e nunca houve uma distinção clara entre quais seriam as pedras preciosas e
quais as semipreciosas. Esqueça então essa pretensa diferença. Se seu anel é de
ametista, topázio, turmalina, citrino, sodalita, rodocrosita, lápis-lazúli ou
água-marinha, por exemplo, não tenha receio de dizer que ele é feito com pedra
preciosa.
8. Gema
sintética é diferente de gema artificial
Tanto
a gema sintética quanto a artificial são produzidas em laboratório. Elas não são,
portanto, naturais. Mas, há uma diferença entre as duas. A sintética é uma
pedra preciosa que existe também na natureza, enquanto a artificial não existe
ou ainda não foi encontrada. Esmeralda, espinélio, rubi, ametista entre outras
são gemas que podem ser sintéticas; mas a zircônia cúbica é uma gema artificial.
Como
existe zircônia que é natural mas não é cúbica, o correto é dizer sempre zircônia cúbica (pode-se usar a
abreviatura inglesa CZ) e não apenas zircônia.
9. O Brasil tem a maior diversidade de gemas do
planeta
O
Brasil é uma das nove províncias gemológicas do mundo, ou seja uma das regiões excepcionalmente
rica em gemas. A província brasileira destaca-se não apenas pela grande produção,
mas principalmente pela enorme diversidade. Há mais de cem gemas já encontradas
no Brasil.
Isso
explica por que gemas como ametista, citrino, ágata, quartzo rosa entre outras
são baratas aqui.
10. O cristal de rocha
Cristal de rocha é uma denominação
infeliz mas consagrada que designa o quartzo incolor. Ele é assim chamado
também em outros idiomas, como francês, italiano e inglês.
A
denominação é imprópria porque todos os minerais formam cristais e rocha é uma
associação de minerais em proporções definidas. Portanto, cristal de rocha é
algo como fruta de árvore, expressão
ambígua que não define nada.
Use,
se quiser, o nome cristal de rocha,
mas, dê preferência a quartzo incolor.
E jamais use apenas a palavra cristal
para se referir a essa gema.
Fonte: BRANCO, Pércio de Moraes. Dicionário de MIneralogia e Gemologia.
2 ed. rev. ampl. São Paulo, Oficina de Textos, 2014.
608p. il.
Perfeito Pércio, de forma cirúrgica você tira as dúvidas mais comuns dos que se interessam pelo assunto. Forte abraço, Jurgen.
ResponderExcluirObrigado, Jurgen. Gostei do "de forma cirúrgica".
ResponderExcluirFalando nisso, saiba que, na minha família, sou um geólogo solitário cercado por todos os lados de profissionais da área da saúde.
Este comentário foi removido pelo autor.
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