Uma
rocha muito comum no sul do Brasil e muito usada na construção civil é aquela
chamada no comércio e na indústria de pedra grés. Trata-se de um arenito, rocha
formada pela deposição de areia que, com o passar do tempo, teve seus grãos
compactados e unidos por um cimento natural, formando a rocha que hoje usamos.
Esse
arenito foi estudado e descrito a primeira vez na região de Botucatu, em São Paulo,
e por isso é chamado pelos geólogos de Formação Botucatu ou, mais especificamente,
Arenito Botucatu.
Como
dissemos, a formação dessa rocha começou com a deposição de areia. Esse processo se deu em um ambiente tipicamente
desértico - arenoso, árido, quente e com raros seres vivos. Por isso, não é rocha em que se espere encontrar
fósseis. Apesar disso, algumas décadas atrás, uma grande pedreira da região
metropolitana de Porto Alegre, de donde se extraiam lajotas e blocos de arenito
Botucatu, foi interditada porque alguém informou às autoridades que aquela
atividade estava destruindo grande quantidade de fósseis de plantas.
Eu estava no grupo dos que
tinham dúvida: fósseis no Arenito Botucatu
era novidade, mas aquelas feições nele encontradas eram intrigantes. As fotos
acima mostram o que alguns julgavam ser fósseis, mas não mostram uma feição que
vi mais de uma vez e que me deixava particularmente intrigado. Ela tinha forma
de flor, mostrando possíveis pétalas ou algo semelhante, com disposição
radial. É uma figura parecida com a que
se vê no lado direito da primeira foto, mas com uma aparência de flor mais
definida
Um
dia, ao chegar ao trabalho, após o almoço, vi que uma planta, igual à da foto abaixo,
existente no estacionamento da empresa
em que eu trabalhava, projetava, ao sol do meio-dia, uma sombra muito semelhante
àquelas feições em forma de flor. Aquilo me deixou surpreso e mais intrigado.
Uma planta daquelas comprimida verticalmente pela deposição da areia poderia
muito bem deixar uma impressão daquele tipo se a areia viesse a se tornar um
arenito.
A
polêmica continuou, outras reportagens foram publicadas, mas a pedreira foi
reaberta, pois prevaleceu a explicação que atribuía o fenômeno aos cristais de
gipsita. Tratava-se, portanto, de pseudofósseis, como os dendritos existentes
nos basaltos, que já descrevi neste blog.
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