Em 1996, quando decidi vender 90% da
minha coleção de minerai, recebi várias propostas, e acabei vendendo-a para a
Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), de Canoas (RS). Sua proposta era a
única que atendia os dois requisitos que estabeleci (além do preço): não desmembrar
a coleção e mantê-la acessível ao público. A coleção não ficou tão acessível quanto eu
desejava, mas, em compensação, foi belamente exposta, em expositores originais
e bonitos, e com uma cerimônia de inauguração muito gratificante para mim.
Nas negociações, representou a Ulbra o geólogo Paulo César Pereira das Neves (foto acima), que eu até
então não conhecia e que se tornou, a partir dali, meu amigo. Paulo Neves era professor
da Ulbra, dedicando-se à Palinologia (estudo dos pólens), área em que fez seu
mestrado e seu doutorado. Os minerais não eram objeto de seu trabalho
profissional, mas, surpreso com a diversidade de espécies da coleção que a sua universidade
adquirira (muitas bem raras), passou a se interessar por eles. Publicou dois livros
sobre o assunto (ambos já reeditados, um com quatro edições) e escrevemos
juntos um artigo, publicado na revista Southern
Brazilian Journal oF Chemistry,
sobre os minerais
raros da Coleção Pércio de Moraes Branco.
Hoje, a Mineralogia é sua principal atividade na Ulbra.
Antes de me tornar amigo de Paulo Neves, conheci, por correspondência,
o estudante de Geologia Daniel Atêncio, de São Paulo.
Isso foi no início da década de 80 do século passado. Lembro muito bem de suas
cartas, escritas a mão, numa época em que os computadores ainda não faziam
parte da nossa rotina pessoal nem profissional. Anos depois, vim a conhecê-lo
pessoalmente e, é claro, nos tornamos amigos também.
Ao contrário de Paulo Neves, o Daniel desde estudante (na USP)
se dedicou aos minerais, inicialmente como colecionador e depois, como
professor de Mineralogia da universidade pela qual se graduou em 1982. Ele
dedicou-se tanto à Mineralogia que se tornou um importante pesquisador nesta área.
Ninguém, no Brasil, descobriu mais espécies minerais novas do que ele: nada
menos de 32 minerais (por enquanto...). Tem inúmeros trabalhos de Mineralogia
publicados, entre eles um livro (Type Mineralogy
of Brazil). E é o representante no Brasil da Commission on New Minerals Names / Commission on New Minerals, Nomenclature and Classification, da Intenational Mineralogical Association.
O mundo dá voltas, e esses dois amigos, Paulo e Daniel, acabaram
se conhecendo e começaram a trabalhar juntos. E como trabalharam! Eles começaram e vêm desenvolvendo um projeto
muito ambicioso, ligado ao pós-doutorado de Paulo: cadastrar todos os minerais encontrados
no Brasil. Não apenas os de interesse econômico, não apenas as mais de cem
pedras preciosas do nosso país ou os minerais metálicos, mas todos eles! Com o apoio da Fapesp
(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), eles vêm organizando a Enciclopédia
dos Minerais do Brasil, da
qual acaba de sair o quarto volume (Carbonatos,
Nitratos, Sulfatos, Cromatos, Molibdatos, Volframatos e Combinações Orgânicas).
Serão sete volumes, publicados um por ano, de modo que a obra estará
concluída apenas em 2020.
O Paulo e o Daniel descrevem, para cada mineral, suas características
físicas e químicas, origem do nome, status, localidade-tipo, repositório(s) da
amostra-tipo e os locais onde ocorrem no Brasil, estes reunidos por estado,
citando sempre a bibliografia em que a ocorrência é mencionada. Pode-se, por
aí, avaliar o que de trabalho vem exigindo esse projeto, digno de nossa admiração.
Os volumes já publicados estão à venda, ao preço de R$ 50,00
cada um, e podem ser solicitados por e-mail a Paulo Neves (nevespc@yahoo.com.br ). O primeiro traz os elementos nativos
e os halogenetos; o segundo, sulfetos e sulfossais e o terceiro, óxidos e
hidróxidos. O próximo será sobre fosfatos, arsenatos e vanadatos.
Ola Amigo bom dia!!!
ResponderExcluirVoce sabe de alguma ocorrencia de sunstone no Brazil ?
Não conheço ocorrências no Brasil de pedra do sol (sunstone), a variedade de oligoclásio. Mas, já vi no comércio material artificial chamado assim.
ResponderExcluirOi. Encontrei uma gema que estao falando que pode ser preciosa... Gostaria de tirar duvidas com vc... Entre em contato comigo por email que lhe envio fotos... alexandre.fillmann@gmail.com
ResponderExcluirMuchas gracias por la historia estimado Percio. Yo tengo una coleccion de minerales muchos de ellos de Mexico, pero tambien cristales de esmeralda de Colombia, etc. Crees que haya interes en algun lado? Un abrazo amigo.
ResponderExcluirOscar G. Shelly
+1-281-380-1205 Houston, TX
ResponderExcluirEstimado Oscar
Aprecio eso, pero yo no voy a comprar minerales y no tengo nada que ofrecer en un posible intercambio.
Un abrazo.
Este comentário foi removido pelo autor.
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