domingo, 25 de setembro de 2016

MISTÉRIOS DO NOSSO UNIVERSO

             A Geologia oferece a nós, geólogos, fascinantes mistérios e desafios, e o universo, como era de se esperar, mostra-nos mistérios muito mais numerosos e mais misteriosos. Estes, porém, felizmente não cabe a nós decifrar; já temos suficientes interrogações à nossa volta. Como, porém, nossa amada Terra está imersa nesse universo, é bom saber um pouco sobre as dúvidas que fazem parte do trabalho de físicos, astrofísicos e astrônomos.
            Para mim, o primeiro e maior desses mistérios é a origem do universo. A teoria mais aceita é a do Big Bang, criada no final da década de 1920 pelo belga Georges Lemaître, um padre católico que era astrônomo, cosmólogo e físico. Ele a chamou de Hipótese do Átomo Primordial (o nome Big Bang foi dado por outro astrônomo, o britânico Fred Hoyle, em 1949).
            Segundo essa teoria, tudo o que chamamos de universo estava originalmente concentrado em um pequeníssimo ponto. Vocês conseguem imaginar isso? Eu não, mesmo que esse tudo fosse apenas energia e não matéria. Mas, a descoberta da chamada radiação cósmica de fundo, em 1964, veio dar grande suporte a essa teoria.
Houve então, entre 13,3 e 13,9 bilhões de anos atrás, uma súbita expansão (não explosão) daquele ponto inicial (o átomo primordial de Lemaître), dando início à formação do universo que conhecemos hoje. O que provocou essa súbita expansão? Não se sabe. Deus, talvez.
É preciso, porém, esclarecer que a teoria do Big Bang explica o início de tudo, mas não diz como se chegou àquela condição inicial. O que havia antes do Big Bang?  Dizem os cientistas que foi só com o inicio do universo que surgiu o tempo. Antes, não havia tempo, portanto não existiu um período antes do Big Bang.  Conseguem imaginar isso?  Eu também não.
No comecinho da grande expansão, havia apenas subpartículas atômicas (neutrinos, mésons, bósons e outras), viajando à velocidade da luz. Não havia ainda matéria. Foi o físico britânico Peter Higgs, em 1964, quem previu que deveria haver um bóson o qual, a partir de determinado instante, deu massa a outras subpartículas, como os quarks, ao entrar em contato com elas. A existência desse bóson foi comprovada, mas só muito recentemente, em 2012.
Aprendi, décadas atrás, que a velocidade da expansão do universo era decrescente, o que parecia óbvio: a grande expansão deveria estar perdendo força cada vez mais, e assim seguiria até tudo parar de se mover. Aí, pela ação gravitacional, os corpos celestes passariam a se atrair e se voltaria à condição inicial, quando ocorreu o Big Bang. Acontece, porém, que hoje se sabe que isso não é verdade. O que está havendo é uma velocidade de expansão cada vez maior!  Vocês conseguem entender nisso? Eu não. Mas não sou só eu: os cientistas também não sabem ainda por que isso acontece.
A explicação talvez esteja na chamada energia escura. Toda a matéria visível no universo conhecido (a soma de satélites, planetas, estrelas, seres vivos, etc.) mais a energia que se pode perceber representam apenas 4% da massa do universo! Ou seja, os outros 96%, a chamada matéria escura ou energia escura, a gente não vê e não percebe! Isso é ou não é, uma coisa assustadora?!  E não é preocupante que se busque em um mistério a explicação para outro?
A expansão cada vez mais rápida do universo visível era, para mim, uma coisa angustiante. Não tenho nenhuma culpa ou responsabilidade sobre isso, mas um universo em expansão cada vez mais acelerada não cabia na minha limitada compreensão e me deixava muito inquieto. Felizmente, fiquei sabendo, dias atrás, de uma teoria que me deixou mais tranquilo. Roger Penrose, importante físico da Universidade de Oxford, acha que o universo vai continuar se expandindo até que suas partículas percam massa. Surgirá então uma espécie de vácuo, em que o tempo irá parar e o universo morrerá, para se transformar em outro universo, por meio de novo Big Bang. Isso seria uma resposta à minha angustiante dúvida. Só que poucos cientistas acreditam nisso...
Falei aqui em universo que conhecemos e em universo visível. Pois saibam que os cientistas admitem também que existam outros universos além deste! A expansão a partir do Big Bang não teria sido uniforme; algumas porções do espaço teriam se expandido também, mas em outros momentos, diz Marcelo Gleiser, outro físico renomado. Haveria então outros universos, além do nosso, separados por espaços gigantescos, acrescenta ele.

            Isso tudo é mistério demais para este pobre geólogo. E olhem que eu nem falei nos possíveis habitantes desses outros mundos...

2 comentários:

  1. Olá professor Pércio!
    Fascinante o assunto deste seu post. Leio bastante a respeito.
    Há algum tempo eu li, de que a distância entre o núcleo do átomo até o último elétron de sua estrutura seria mais ou menos a distância do centro até o final do nosso universo. Se for assim, quem sabe fazemos parte de algo muito maior além de nossa compreensão. O senhor consegue imaginar isto? Eu não.
    Quando chego a um determinado momento em meu questionamento a algo que não compreendo eu me resigno e respondo para mim mesmo: "bem a resposta desta questão eu não vou ter aqui e sim em outro plano de minha existência quando me for deste, ou quando chegar a hora a resposta irá aparecer de um jeito ou de outro". Acho melhor assim, pois o ser humano é tão pequeno perante a todas essas questões que com certeza não teremos todas as respostas, ou uma resposta clara nesse nosso grotesco plano material.

    Forte Abraço!
    Fernando Flores Oliveira
    fernando.flores.ffo@gmail.com

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  2. Sábias palavras, Fernando. Há coisas que só entenderemos no plano espiritual. Devemos buscar respostas, sim, mas conscientes de nossas limitações e de nossa finitude. Um abraço.

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