quarta-feira, 18 de abril de 2012

UMA PRAIA PRECIOSA


            Escrevi neste blog, em maio de 2011, que areias de praia podem conter variadas pedras preciosas, como granadas, turmalinas, zircão, epídoto e espinélio, por exemplo. Naquele artigo (www.perciombranco.blogspot.com.br/2011/05/gemas-abundantes-e-de-graca.html), contei que essas gemas aparecem nas manchas de areia negra que são comuns em certos pontos das praias. Ali ficam concentrados minerais mais pesados que o quartzo, o mineral predominante nas areias.
              Existem, porém, umas raras praias onde a composição - e, por conseguinte, a cor - da areia é bem diferente. Uma delas é a Papakolea, no Havaí.  Nela, predomina a cor verde porque o mineral mais abundante é a olivina (sim, seu nome vem de oliva, justamente por sua cor). 
    Uma areia de praia em que predomina a olivina é algo quase inacreditável para um geólogo e foi, portanto, com esse nome sempre presente na memória que cheguei ao Havaí.
            Se decorar o nome não é fácil, chegar à praia é muito menos. Papakolea fica em South Point, na Ilha Grande, ilha onde estão os vulcões ativos do Havaí. South Point é o ponto mais ao sul de todo o arquipélago (132 ilhas), o que significa que é o ponto mais ao sul do território norte-americano.
            A estrada de acesso à praia começa estreita, mas bem pavimentada. Por estreita, quero dizer que só cabe um carro, obrigando o motorista a pôr duas rodas no acostamento quando vem um veículo em sentido contrário.
            Depois, ela continua estreita, mas mal pavimentada (novidade para mim, em se tratando de Estados Unidos). E no último trecho nem dá para chamar de estrada. É uma picada tão braba que levamos 30 min para percorrer seus 2,7 km. Ou seja, andando a pé teríamos levado quase o mesmo tempo. Não é por acaso, pois, que a maioria dos turistas faz esse trecho caminhando.
            Ah, sim !  Quem fizer questão de ir rodando, tem que usar veículo com tração nas 4 rodas.
         Quando se chega lá, há mais um 
obstáculo a vencer. Quem quiser pisar na preciosa areia verde tem que descer um belo penhasco. Não é necessário ser alpinista para fazer isso, mas é indispensável muito cuidado.
A pé ou não, porém, vale a pena tanto sacrifício! Papakolea é uma praia pequena, de menos de 100 m de extensão, bonita não apenas pela incrível areia verde, mas também pelo paredão de tufo vulcânico que existe na extremidade norte e a oeste (vejam ambos na foto acima).
Lá em baixo, o geólogo não se cansa de pegar a areia cheia de olivina e deixá-la escorrer por entre os dedos, assim como não consegue deixar de chegar perto do paredão de tufo para ver de perto aquela rocha, formada por cinzas vulcânicas. 


                                                               
                               A areia, como é vista na praia (acima) e o tufo vulcânico (abaixo)


No alto do penhasco que se desce para chegar à praia (na foto abaixo, o final da descida), dá para ver o basalto de onde provém a olivina. Ele mostra belos cristais deste mineral, que chegam a ter 2,5 cm de comprimento (eu vi de 8-9 mm).
          Qualquer geólogo fica, é claro, com uma enorme vontade de trazer um pouco da areia verde e uma bela amostra do olivinabasalto. Mas... É proibido.  E lá está uma placa com o número da lei que impede isso. Naqueles terríveis 2,7 km de picada, porém, é possível encontrar a mesma areia com olivina e não me consta que ali seja proibido coletar amostras. 
            O Havaí tem outras praias que se destacam pelo exotismo de suas areias. A praia de Punalu’u (à esquerda e abaixo) tem areias totalmente negras, por onde passeiam placidamente tartarugas-verdes.  Esta fica na estrada para South Point, à beira do asfalto e pode ser acessada sem nenhuma dificuldade.  A cor é resultante de material vulcânico que foi jogado sobre a praia.




 Atenção !  Em Punalu'u (também chamada de Black Sand Beach), há uma vendinha bem pequena onde se vendem lanches e... vidrinhos de areia verde! Custam US$ 10 cada um, com direito a uma concha dentro. A mulher que me atendeu na venda tinha também um belo basalto com cristais de olivina, mas, sabe-se lá por que, este ela não quis vender. Ainda no mesmo lugar, podem ser comprados colares artesanais feitos com cristais de olivina não lapidada.

Outra praia havaiana exótica é Kaihalulu, na ilha de Maui, que tem areias de cor vermelha, pela erosão de uma arenito desta cor. Esta ainda não teve o prazer de receber minha visita, mas ainda há de me ver um dia.

3 comentários:

  1. Olá meu querido colega, estive recentemente nas Ilhas Canárias, em Tenerife, e tive a oportunidade de conhecer uma praia de areias negras chamada Praia Brava, pude perceber que havia muitas olivinas, esfenos, granadas e outros constituintes vulcânicos! Realmente lindo demais!

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  2. Legal, Joe ! A gente tem que aprender a olhar com mais cuidado e respeito as modestas areias...
    um abraço

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  3. Grazie Percio. Tramite Monica ti seguo sempre. Molto interessante. Massimo Russo

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