Faleceu, dia 1º de
fevereiro, aos 95 anos, no Rio de Janeiro, o joalheiro Jules Roger Sauer. Francês da região da Alsácia, ele foi o fundador,
em 1941, da Lapidação Amsterdam Ltda., hoje Joalheria Amsterdam Sauer.
Houve, porém, uma gema
brasileira que Sauer tornou particularmente conhecida e respeitada: a esmeralda.
Contou ele, em um de seus livros (O Mundo das Esmeraldas), que em 10 de
julho de 1963, quando estava em férias com a família, um garimpeiro que trabalhava
para ele informou haver encontrada uma pedra verde no pequeno povoado chamado
Salininha, perto da cidade de Pilão Arcado, na Bahia. Os garimpeiros não acreditavam
que fossem esmeraldas e quando a descoberta foi divulgada, especialistas confirmaram
que não eram.
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A cor verde da esmeralda normalmente é devida à presença
de cromo, e os cristais descobertos em Salininha eram exatamente como a esmeralda,
mas com cor verde produzia por vanádio. E foi este detalhe o único argumento apresentado
para considerar a nova gema simplesmente um berilo verde (a esmeralda, como a água-marinha,
é uma variedade de berilo).
Inconformado, Sauer encaminhou a gema ao Gemological
Institute of America (GIA) para análise e, em 9 de agosto de 1983, o GIA emitiu
o laudo Nº 20.259, atestando que se tratava de Natural Emerald, a valiosa gema que era aqui procurada desde os
tempos do bandeirante Fernão Dias Paes, o Caçador
de Esmeraldas.
Com isso, o mercado internacional não teve como
deixar de reconhecer a autenticidade da nossa pedra preciosa.
De origem judia, no início da 2ª
Guerra Mundial Jules Sauer fugiu de bicicleta da Bélgica, onde morava, pedalou sozinho
1.500 km ate à Espanha, onde foi preso por não ter documentos. Fugiu da prisão
e foi para Portugal onde embarcou em um navio para o Rio aonde chegou com 18
anos. (Coincidentemente, Hans Stern, fundador da famosa rede brasileira de joalherias H. Stern, chegou ao Brasil na mesma época e com 17 anos.)
Aqui, sobreviveu inicialmente
dando aulas de francês, até conseguir um emprego na empresa de
pedras preciosas do irmão de um aluno, em Minas Gerais. Jules aprendeu
rapidamente as técnicas de lapidação e em pouco tempo, alcançou sua
independência.
Embrenhou-se Brasil adentro como comprador e vendedor
de pedras. Pouco menos de dois anos após deixar a Bélgica, já era dono da
própria empresa (instalada numa zona de baixo meretrício de Belo Horizonte !).
Além dos vários livros que escreveu, Sauer criou o Museu
Amsterdam Sauer, com seu acervo de mais de três mil peças, incluindo a maior
alexandrita bruta conhecida (24,48 kg).
Considerado uma das maiores autoridades
em alta joalheria do mundo, Jules Sauer era, desde 2004, membro
do Círculo de Honra do Gemological Institute of America (GIA),
a mais importante instituição gemológica do mundo. Era também Cidadão Honorário
de Belo Horizonte, Teófilo Otoni e Governador Valadares (MG), São Paulo e Rio
de Janeiro. Em 1959, conquistou pela primeira vez Diamond International
Awards, a consagração máxima da joalheria internacional, com o anel Constellation.
Ele deixa dois filhos, Daniel, que tive o prazer de
conhecer em reuniões da Comissão Técnica de Gemas da ABNT (Associação Brasileira
de Normas Técnicas) e que é diretor da empresa fundada pelo pai, e Débora.
Fontes consultadas (acessadas em
12.02.2017):
http://oglobo.globo.com/ela/gente/morre-jules-sauer-fundador-da-joalheria-amsterdam-sauer-20856064
Meus sentimentos a toda família e amigos ...
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