sexta-feira, 4 de novembro de 2011

GEMAS, UMA QUESTÃO DE CONFIANÇA



O setor joalheiro é um dos poucos em que transações de alto valor são feitas com base apenas na confiança. De fato, peças de preço muito elevado são todos os dias adquiridas confiando-se que aquilo que se está comprando é de fato o que vendedor diz ser.
Isso vale, sobretudo para as gemas empregadas nas joias. Nem mesmo um experiente gemólogo pode garantir, simplesmente olhando, que uma pedra amarela é um topázio-imperial e não um citrino, que uma gema azul é uma água-marinha e não um topázio.
Se essa distinção já não é possível nessas condições, mais difícil ainda é garantir que a gema é natural e não sintética, se foi tratada ou se sua cor é aquela que a natureza lhe deu, pois para tanto também são necessários equipamentos específicos e conhecimento especializado.
O mesmo vale, talvez com menor grau de incerteza, para os metais nobres usados na confecção da joia.
Desse modo, comprar uma joia envolve sempre um grau muito elevado de confiança na palavra do vendedor. E isso vale não apenas para o consumidor em relação ao joalheiro, mas também para o joalheiro em relação ao seu fornecedor.
O consumidor tem, é verdade, a opção de solicitar um certificado de identificação no ato da compra. Mas, são poucas as joalherias que o fornecem e raros os compradores que sabem que esse tipo de documento existe.
Outra opção é levar a joia a um gemólogo para que ele confirme a identidade da gema. Mas, aí a compra já foi feita, ele terá uma despesa adicional e se criará uma situação muito desagradável ao reclamar da joalheria se a mercadoria adquirida de fato não corresponder ao que lhe diziam ser.
O tema assume contornos delicados também em outra situação. É quando o gemólogo recebe para exame uma joia antiga, que está na família do proprietário há muito tempo. Ao examiná-la, pode ele descobrir que a água-marinha que foi usada por membros de várias gerações é na verdade um espinélio. Ou que o rubi da bisavó da sua cliente é de fato rubi, mas sintético. Isso nada tem de surpreendente para o gemólogo, pois gemas sintéticas são produzidas desde 1900. Mas, há pessoas que, nessa situação, se sentem ofendidas, pois lhes parece que estão desrespeitando a memória de sua amada ancestral, como se ela fosse desonesta e não apenas mais uma das incontáveis vítimas de vendedores inescrupulosos ou desinformados.
E talvez o joalheiro que vendeu a joia muitas décadas atrás nem fosse inescrupuloso: pode ele muito bem ter informado corretamente que se tratava de uma gema sintética, mas essa informação, depois de tanto tempo, ter caído no
esquecimento, quem sabe até porque a primeira pessoa a usá-la não tinha interesse em informar isso, o que é muito compreensível.
Comprar joias numa joalheria de renome será sempre mais caro que comprar a mesma peça numa lojinha pequena e pouco conhecida e mais ainda do que comprá-la de uma vendedora que vende a domicílio. Mas, deve-se lembrar que uma empresa de renome não deve ter conquistado essa fama por acaso e que tudo fará para preservar o prestígio que adquiriu ao longo de anos de presença no mercado.
O fator confiança é, como eu disse no início, inerente a esse ramo do comércio e é importante que faça parte da história e da tradição da loja que procuramos.

8 comentários:

  1. Belíssimo texto professor. Aproveitando o assunto acima citado, lhe pergunto se há em Porto Alegre um especialista em avaliação de gemas, onde muitas vezes precisei encaminhar alguns clientes e não tive esta informação.
    Grande abraço

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  2. Eliana, parece incrível, mas não sei lhe citar um avaliador de gemas confiável em Porto Alegre ...

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Presado Percio

    Li o "Repouso do Guerreiro" e me contenta que ferramentas descansem entre rochas, conchas e cristais. Estudando seus trabalhos, cotas e encostas, mergulhei no que parece ser o seu sonho!
    Engastei num cabo leve um pesado picão vermelho: Tramontina. - Ta novo! Trás-os-montes, Morro-Grande, Alecrim... GeoEye;
    -Procuro o "gossan" certo; quem há de saber?
    Demoliram à dinamite o cerro da Comunhão-dos-Barros, (pedra pra brita e base)- mas a encosta ainda resiste...A ponte nova já vara aos Esqchina o Lajeado! A cidade escuta o ruído, O piche já risca o campo!
    O corte sangra a paisagem...

    Osvaldino Filho

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  5. Osvaldino, grande conterrâneo e poeta ! Obrigado por prestigiar meu trabalho ! É muito significativo para mim ter um seguidor da minha cada vez mais distante - mas nem um pouco esquecida ! - Lagoa Vermelha.
    Um grande abraço.

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  6. Prezado Percio
    Edito um blog e reúno algumas informações que possam ser úteis aos nossos alunos, colegas e possivelmente internautas. Nem tudo que publico diz respeito a minha área. Algumas são searas alheias e distantes, que por curiosidade ou necessidade visito. Sei que posso falar com propriedade daquilo que experimento, mas falta a confiança que só se pode ter numa conversa com gente da área. Nem sempre é possível... O que teria que ser feito antes lhe peço agora: Gostaria que olhasse o texto e imagens que publiquei recentemente. Certamente há de encontrar incorreções e falhas, que, por gentileza peço apontar. Meu e-mail é: onidlavso@gmail.com
    Desde já agradecido,
    Um forte abraço!
    Osvaldino

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  7. Osvaldino, eu olhei seu blog dias atrás, mas agora não estou conseguindo encontrá-lo de novo. Me ajude, por favor.
    Um abraço.

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  8. Prezado Percio,

    O nome do Blog é DESIDERATO.
    O endereço é:
    http://escoladesideriofinamor.blogspot.com/2011/12/breve-exposicao-do-solo-e-subsolo-da.html

    Não parece muito funcional; Muitas vezes eu tambem tenho dificuldade de encontra-lo.
    Obrigado,
    Osvaldino

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