domingo, 2 de fevereiro de 2025

MINERAIS NÃO DESCARTÁVEIS

Em razão de minha mudança para outra cidade, tive que encaixotar minha coleção de minerais. Não foi uma tarefa que propiciasse recordações intensamente emocionantes como organizar fotos familiares e de viagens, mas também me trouxe reminiscências que emocionam.

Procurei eliminar algumas peças da coleção, até porque minerais pesam bastante. Mas, foi difícil achar alguma coisa para descartar, mesmo consciente da necessidade de praticar o desapego.

Areia nunca foi material que eu gostasse de colecionar, mas como descartar um vidrinho com areia de Cancún que me foi trazida pela minha amiga Lisete Jardim ? Como descartar areia de Roma trazida pela não menos querida amiga Francesca Ducceschi, que, como a Lisete, hoje cata areia em praias do mundo espiritual para amigos mais merecedores delas do que eu?

Minha irmã Mariza, ainda está entre nós mas já não tanto....  Seja como for, como descartar o pedacinho do Coliseu e uma pedrinha que ela coletou na Via Appia, ambas em Roma, quando eu era ainda estudante de Geologia?

Um seixo rolado de calcário dificilmente teria beleza e importância geológica para figurar numa coleção onde predominam as pedras preciosas. Mas, o que eu tenho foi trazido para mim de Ibiza (Espanha), pela querida prima Márcia Gobbato.  Tem que ficar na coleção, não é?

Minha sobrinha Jéssica de Moraes Branco Tavares me surpreendeu o dia em que me deu de presente vários fosseis muito bem preservados que ela mesma coletou em uma praia da Inglaterra quando lá morava.  Estes têm, além do valor estimativo, bom valor paleontológico.

O irmão dela, Pedro Heliodoro, trouxe um valioso presente que não é rocha, nem mineral, mas um pedaço de concreto. Ele sempre ocupou lugar de destaque na minha coleção, primeiro porque foi trazido a meu pedido da Alemanha quando o Guno lá residia; segundo, porque tem um enorme valor histórico: trata-se de um pedaço do muro de Berlim. 

E guardo, por fim, com muito carinho, um seixo rolado que minha amada Jane trouxe de El Calafate, na Patagônia argentina, quando lá esteve, numa das raras viagens a passeio que não fizemos juntos (eu preferi passear em garimpos de Minas Gerais, por sinal uma decisão que se mostrou bem infeliz).

Mais de mil peças da coleção passaram das estantes para cerca de trinta caixas. Mas, lembranças como essas ficarão sempre bem guardadas não só nelas, mas também cá dentro do coração...