Dia 20 de junho do ano passado,
denunciei neste blog que Porto Alegre possuía uma interessante atração
geológica que os porto-alegrenses não viam, um tronco fóssil de 200 milhões de
anos de idade, localizado no Parque Farroupilha. E expliquei que os
frequentadores do parque não o viam porque, embora estivesse bem à vista, nada
havia que o identificasse, de modo que as pessoas pensavam ser um tronco de uma
árvore atual, que morrera.
Fiz a denúncia sem esperança que a situação mudasse, pois várias
tentativas anteriores de mostrar à administração municipal a necessidade de
identificar aquele valioso fóssil haviam dado em nada. Mas, para minha surpresa e satisfação, o
texto do blog teve uma repercussão muito grande, principalmente entre os
geólogos, que me enviaram muitos e-mails.
As novidades surgiram mesmo, porém, quando uma jornalista
leu o artigo no blog e me informou, já
no dia seguinte, estar encaminhando o assunto à assessoria do prefeito José
Fortunati. No dia 22, um geólogo da Secretaria Municipal do Meio Ambiente
(Smam), responsável pelo Parque Farroupilha, me ligou dizendo que ia ser criado
um grupo de trabalho para decidir a melhor maneira de identificar o tronco
fóssil e outros dois fragmentos menores que havia no mesmo parque. Disse que
iriam além: fariam uma limpeza no tronco e criariam um painel mostrando o
processo que levou à formação daquele fóssil.
Fiquei contente por ver que finalmente estava sendo dada a
devida atenção ao problema e se estava buscando uma solução, melhor até do que
eu esperava.
No dia 3 de agosto, o mesmo geólogo da Smam me informou já
estar aprovada a verba para a identificação do tronco e para o painel descritivo
do processo de fossilização.
No dia 8, fui ao parque, na esperança de já ver alguma
coisa feita, mas tudo estava do mesmo jeito. Aproveitei, porém, para fazer uma
rápida pesquisa. Parei com minha bicicleta nas imediações do tronco e fiquei observando
o comportamento do público. Dos 150 primeiros adultos que passaram por ali,
nenhum, absolutamente nenhum olhou para o tronco. Como eu sempre imaginara,
todos pensavam que aquilo era uma árvore seca atual, não um fóssil de 200
milhões de anos.
No dia 2 de setembro, um mês depois de aprovada a verba, o
geólogo da Smam me convidou para uma reunião no próprio parque. Estiveram presentes
também outros dois funcionários daquela secretaria, uma assessora de
Comunicações e um funcionário que trabalha no parque há muitos anos. Com este último, que conhece bem a realidade do
local, ficou acertado como seria feita a identificação do fóssil e onde ficaria
o painel descritivo do processo de fossilização. Naquela mesma reunião, foi feita
uma escovação do tronco para remoção da sujeira (que era pouca) e dos liquens
(que eu teria deixado).
Desde aquele dia, com o tronco limpo, a verba aprovada e o
projeto definido, passaram-se quase sete meses. Sabem o que aconteceu nesse
período ? Nada ! O tronco fóssil permanece sem identificação
e, é claro, continua sendo totalmente ignorado pelos porto-alegrenses.
Pra mim, deu ! Quem quiser que leve agora adiante essa
bandeira.